(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, divulgado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM)
Apavorados com as pesquisas divulgadas nos últimos dias, que prenunciam resultados cada vez piores para Bolsonaro, os bolsonaristas lançaram nas redes sociais uma campanha para desmoralizar as pesquisas em eleições anteriores por eventuais erros em seus resultados.
Ninguém pode esquecer, antes de tudo, que pesquisa é um instantâneo do momento. Uma pesquisa feita quinze dias antes das eleições pode ter seu resultado modificado por um fato qualquer que induza o eleitor a mudar o seu voto. Basta, por exemplo, um debate que levante uma questão polêmica e induza o eleitor a esta mudança.
Se pesquisa fosse infalível não precisava eleição. Bastava fazer a pesquisa. Uma campanha de “fake News” bem sucedida pode mudar completamente a previsão feita com base em uma pesquisa. Ou um fato novo bem explorado.
Quem acompanha as redes sociais tem visto uma tentativa de desmoralizar o resultado das pesquisas, comparando-as com eventos de rua promovidos por determinados candidatos. A quantidade de pessoas nas ruas depende de uma série de fatores. Uma passeata ou carreata com distribuição de combustíveis entre os participantes pode induzir uma presença de públicos muito maior do que a simples presença de um candidato nas ruas.
Por outro lado, existe o eleitor silencioso, muito mais difícil de mobilizar do que o eleitor que está movido por um interesse imediato. Um cidadão pode ser movido a ir a uma manifestação pelo medo de perder o emprego, perder um determinado benefício ou sofrer algum prejuízo e terminar votando contra quem o ameaçou de perder aquela vantagem.
O cidadão que recebe o Auxilio Emergencial pode ser ameaçado de perder o beneficio se não for visto numa manifestação de determinado candidato e terminar indo para a manifestação e depois resolver dar o troco na eleição.
Quem não sabe, na política do interior, de passeatas e carreatas em que os funcionários públicos são induzidos a participar sob a ameaça de perderem empregos, principalmente os que são contratados ou comissionados?
Um fato novo com relação as pesquisas foi o lançamento nos últimos dias de um agregador de pesquisas, pelo grupo do jornal Estadão, de São Paulo. O agregador passou a divulgar um resultado consolidado de várias pesquisas, de cerca de doze empresas de pesquisas, mais conceituadas. Este agregador, não faz simplesmente uma média das diversas pesquisas, ela analisa cada pesquisa e faz média ponderada dos resultados.
O agregador esclarece para o leitor o problema das divergências entre as diversas pesquisas, feitas com metodologias diferentes. A divulgação do agregador vai ser atualizado à medidas que saírem novas pesquisas daquelas empresas reunidas pelo agregador.
Mas não se esqueça o leitor, ouvinte ou espectador de que pesquisa é um instantâneo do momento e os seus prognósticos podem ser contrariados pela realidade por um evento qualquer de último hora, seja um fato externo, seja a mudança de intenção do eleitor por algum motivo pessoal. A pesquisa pode até funcionar como indutor da vontade do eleitor. Ou seja, o eleitor pode até mudar o seu voto por conta da tendência apresentada nas pesquisas, favoráveis a a candidato.