A mando de quem PF diz não haver mandante nas mortes de Bruno e Dom?

By | 18/06/2022 6:03 am

(Josias de Souza, Colunista do UOL, 17/06/2022)

 

Assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips pode ter envolvimento de um grupo de crime organizado. Foto: TV Brasil - Assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips pode ter envolvimento de um grupo de crime organizado. Foto: TV Brasil

Assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips pode ter envolvimento de um grupo de crime organizado. Foto: TV Brasil

 

A Polícia Federal informou em nota oficial divulgada nesta sexta-feira que os suspeitos de assassinar o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips agiram sozinhos. As investigações indicariam que não há “mandante nem organização criminosa por trás do delito”. A versão é precipitada, desrespeitosa e espantosa.

O comunicado foi divulgado horas antes da constatação científica de que são mesmo de Dom parte dos restos mortais recolhidos na floresta na quarta-feira. Prossegue a análise em relação a Bruno. Segundo a própria PF, a “completa identificação” é necessária para “a compreensão das causas das mortes, assim como para indicação da dinâmica do crime e ocultação dos corpos.” Nada mais precipitado do que descartar o que deveria ser a principal linha de investigação num estágio tão inicial do inquérito.

Tanta pressa desrespeita os familiares dos mortos e todos os que esperam por uma investigação criteriosa, profunda e definitiva. A ligeireza insulta também quem se dispõe a colaborar com os investigadores. A Univaja, por exemplo, estranha que estejam sendo ignorados dados que repassou ao Ministério Público, à Funai e à própria PF. São informações que apontam para uma criminalidade graúda.

O desprezo à colaboração externa espanta mais quando se considera que, neste caso, os agentes do Estado só chegaram aos primeiros presos graças ao auxílio dos informantes. De resto, não teriam encontrado roupas e pertences dos mortos sem o auxílio dos indígenas. De posse desse material, puderam cercar Amarildo Oliveira, o Pelado, extraindo dele a confissão que levou aos corpos.

De duas, uma: ou a PF explica adequadamente por que despreza a hipótese de existência de mandante ou vai restar a impressão de que o órgão age a mando de gente interessada em enterrar viva uma investigação incômoda para o governo.

 

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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