Interferência de Bolsonaro na Polícia Federal para proteger Milton Ribeiro causa revolta e denúncia do MPF

By | 27/06/2022 3:13 pm

(Do Correio Braziliense, no Polêmica Patos, em 27/06/2022)

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O Ministério Público Federal (MPF) divulgou uma manifestação nesta sexta-feira (24/6) apontando que o presidente Jair Bolsonaro (PL) interferiu no caso do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro — preso pela Polícia Federal em uma investigação que apura um suposto esquema para liberação de verbas do MEC. O documento também pede que o caso seja encaminhado para apreciação do Supremo Tribunal Federal (STF).

“O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (MPF), por meio do presente membro designado para a realização da audiência de custódia, vem apresentar sua ciência sobre a decisão de cancelamento desta, bem como sobre a determinação de soltura dos presos. Outrossim, nesta oportunidade, o MPF vem requerer que o auto circunstanciado nº 2/2022, bem como o arquivo de áudio do investigado Milton Ribeiro que aponta indício de vazamento da operação policial e possível interferência ilícita por parte do Presidente da República Jair Messias Bolsonaro nas investigações”, diz o documento assinado pelo procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes.

Segundo o MPF, o caso será encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para maior apuração. O órgão indica a suspeita dos crimes de violação de sigilo funcional e favorecimento pessoal.

“Sobre o ponto acima, registre-se também que há indícios de igual interferência na atividade investigatória da Polícia Federal quando do tratamento possivelmente privilegiado que recebeu o investigado Milton Ribeiro, o qual não foi conduzido ao Distrito Federal (não havendo sido tampouco levado a qualquer unidade penitenciária) para que pudesse ser pessoalmente interrogado pela autoridade policial que preside o inquérito policial, apesar da farta estrutura disponível à Polícia Federal para a locomoção de presos. Nesse ponto, destaque-se que a ausência de Milton Ribeiro perante a autoridade policial foi prejudicial ao livre desenvolvimento das investigações”, escreve o procurador.

A suspeita de interferência do chefe do Executou veio à tona após o delegado federal Bruno Calandrini, que comandou a operação, afirmar que houve interferência na condução da investigação. Segundo o investigador, a corporação teria dado tratamento diferenciado ao aliado do presidente e o ex-ministro não foi levado de Santos (SP) para Brasília por conta de uma decisão superior.

Presidente minimizou

Jair Bolsonaro disse, em transmissão ao vivo, na noite desta quinta-feira (23), que acredita na inocência de Milton Ribeiro. “Não tinha materialidade nenhuma, mas serviu para desgastar o governo, para fazer uma maldade na família do Milton. Se tiver algo de errado na família do Milton, ele é responsável pelos seus atos. Mas eu não posso desconfiar, levantar uma suspeição contra ele de forma leviana”, declarou.

O presidente afirmou que a prisão do ex-ministro foi decretada para prejudicar a sua campanha de reeleição à presidência da República e minimizou os crimes pelos quais Ribeiro é investigado. “Nem deveria ter sido preso. E olha a maldade: tem a prisão preventiva e a temporária. Deram logo a preventiva para ficar logo preso ali até a campanha. Quando acabasse as eleições, ele ia ser colocado em liberdade”, afirmou.

Milton Ribeiro foi preso na manhã de quarta-feira (22) em uma investigação que apura o envolvimento dele nos crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência em um suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do Ministério da Educação. Ele foi solto na tarde de ontem, após o desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), revogar a prisão preventiva do ex-ministro e dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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