Bolsonaro vai dizer que entregou a situação fiscal melhor que encontrou, mas mercado não compra essa

By | 14/07/2022 7:30 am

Investidores estão vendo o quadro piorando e nem mesmo com taxas de juros reais altamente atrativas pagas pelo governo, acima de 6%, querem botar o dinheiro na compra dos papéis

O dia de ontem foi de comemoração no governo e no Congresso com a aprovação da PEC Kamikaze, que garantirá R$ 41,2 bilhões para turbinar os programas sociais já existentes e criar novos benefícios sociais nos próximos cinco meses.

Com a emenda constitucional e o estado de emergência incluído no texto, a confiança da ala política do governo é gigante de que não há risco nenhum de impugnação da campanha do presidente Jair Bolsonaro por abuso de poder político e econômico mediante ação de investigação judicial eleitoral.

O amplo apoio dos deputados e senadores, entre eles os da oposição, só tem reforçado essa confiança inabalável. Até o momento, esse fantasma não ronda as preocupações da campanha do presidente.

 

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro, presidente da República; confiança da ala política do governo é gigante de que não há risco nenhum de impugnação da campanha de Bolsonaro Foto: Adriano Machado/ Reuters

O governo vê pela frente um crescimento maior, de 2% do PIB este ano, com dinheiro nas ruas para aumento na veia do consumo. E, para afastar o risco fiscal, que aumentou muito com a PEC, o Ministério da Economia tenta mostrar que o gasto será temporário, sem prejuízo para a tendência de melhora das contas públicas.

Trunfo a ser explorado é que Bolsonaro vai entregar no fim do seu governo uma situação fiscal melhor do que encontrou. Esse será o mote do discurso governista a partir de hoje, dia seguinte da votação final da PEC.

Só que, entre os investidores do mercado financeiro, a visão não é nem um pouquinho essa. Os investidores estão vendo o quadro piorando e nem mesmo com taxas de juros reais (descontada a inflação) altamente atrativas pagas pelo governo, acima de 6%, querem botar o dinheiro na compra dos papéis.

As curvas de juros só subiram desde que começaram os debates da PEC. Os investidores perdem muito a cada elevação, porque seus ativos têm de ser precificados diariamente.

Estão todos arredios. Não compram nem com as taxas nas alturas, com medo de os juros subirem novamente. É um fenômeno muito preocupante.

Chamou atenção relatório assinado pelo economista-chefe do BTG, Mansueto AlmeidaEx-secretário do Tesouro saído da equipe de Paulo Guedes e que tradicionalmente tem uma visão mais positiva das contas públicas, Mansueto agora alerta que o debate fiscal no País está avançando na direção contrária da necessidade de que as políticas adotadas sejam transitórias e focalizadas, com limites e cláusulas de saída bem desenhadas e acompanhadas de medidas de compensação, para reduzir consequências indesejáveis para a atividade econômica e a inflação. As medidas recentemente aprovadas contemplam uma série de políticas pouco focalizadas, malcalibradas e com impacto permanente.

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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