Lula foca no voto útil, Bolsonaro sobe daqui, cai dali e fica no elas por elas, ou no eles por elas

By | 31/07/2022 6:54 am

Ex-presidente atravessa toda a campanha numa dianteira confortável e está com 14 pontos de vantagem em relação ao atual presidente

(Coluna de Eliane Cantanhêde, Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta, no Estadão, em

Foto do autor: Eliane Cantanhêde

O presidente Jair Bolsonaro sofre da síndrome do cobertor curto na eleição: quando melhora daqui, piora dali e essa soma zero é a favor do ex-presidente Lula, que atravessa toda a campanha numa dianteira confortável e está com 14 pontos de vantagem, segundo o Agregador de Pesquisas do Estadão, com a possibilidade, difícil, não impossível, de vitória em primeiro turno.

Bolsonaro foi de 19% para 24% entre os nordestinos, pelo Datafolha, mas está 35 pontos atrás de Lula no Nordeste e 15 pontos no Sudeste e as duas regiões reúnem 70% do eleitorado brasileiro. Ele também ganhou seis pontos entre as mulheres, mas perdeu quatro entre os homens. Ficou elas por elas, ou eles por elas.

O presidente Jair Bolsonaro durante lançamento da campanha de Tarcísio de Freitas ao governo de São Paulo.
O presidente Jair Bolsonaro durante lançamento da campanha de Tarcísio de Freitas ao governo de São Paulo. Foto: Marcelo Chello/ Estadão

Se o presidente melhorou um tantinho entre os de menor renda, Lula compensou entre os mais ricos. E, se Bolsonaro é o preferido dos evangélicos (43% a 33%), Lula é o dos católicos, com margem bem maior (52% a 25%), e tem 51% dos espíritas.

Com 53% de rejeição, ante 36% de Lula, Bolsonaro tem dificuldade para reduzir drasticamente a diferença para o petista e até a bomba contra mensalão e petrolão perdeu impacto: 73% dos eleitores veem corrupção no seu governo, fica o sujo falando mal do mal lavado. Além disso, o eleitor de 2022 está mais preocupado com saúde, educação, economia e violência e, assim, o foco sai da corrupção e vai para uma seara mais confortável para Lula, que em 2010 deixou 7,5% de crescimento, inflação baixa, emprego e autoestima nacional em alta.

O ex-presidente Lula participa de convenção do PSB em Brasília.
O ex-presidente Lula participa de convenção do PSB em Brasília. Foto: Wilton Junior/ Estadão

Bolsonaro ensaia a reação em duas frentes: as benesses da PEC da Reeleição e a melhora na economia. Em agosto vêm aí os R$ 600 de Auxílio Brasil e os R$ 1.000 para taxistas (cabos eleitorais nas cidades) e caminhoneiros (nas estradas). Se Michelle Bolsonaro mexeu no eleitorado feminino e pobre orando na convenção do PL, imaginem R$ 200 para comida.

Na economia, inflação e juros corroem a renda, o superávit vem de receitas extraordinárias e adiamento de precatórios, os lucros da Petrobras são “estupro” e há fome e cheiro de golpe no ar. A economia reage, porém, com desemprego abaixo de 10%, superávit primário de R$ 14,4 bilhões, dividendos de mais de R$ 30 bilhões da Petrobras para a União e duas quedas no preço da gasolina. Logo, a guerra vai para a economia, o social e… democracia.

Para vencer no primeiro turno, Lula precisa ter mais de 50% dos votos válidos e perde um ponto a cada mês (tinha 54% em maio, 53% em junho e 52% em julho), correndo o risco de chegar em outubro abaixo do necessário. Logo, precisa impedir o crescimento de Bolsonaro e atrair os indecisos e o “voto útil”, que é sempre favorável a quem lidera.

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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