Para comentarista da GloboNews, medida cria alívio econômico de curto prazo – que favorece os bancos e o governo na corrida eleitoral – às custa da ‘desproteção estrutural’ de famílias endividadas.
(g1,
O governo sancionou na última quarta-feira (3) uma lei que permite que beneficiários do Auxílio Brasil e de outros programas de transferência de renda façam empréstimos consignados, com desconto direto na fonte.
Quem recebe o Auxílio Brasil poderá comprometer até 40% do valor mensal do benefício no empréstimo com juros de até 5 % ao mês – uma medida que, segundo a comentarista da GloboNews Flávia Oliveira, deve empurrar ainda mais famílias em situação de vulnerabilidade para o endividamento.
Piso do Auxílio Brasil será de R$ 600 até o fim do ano — Foto: Adriana Toffetti/Ato Press/Estadão Conteúdo
“São quase juros de agiotagem a serem cobrados de famílias vulneráveis sem qualquer tipo de preparo em termos de educação financeira – e com um benefício que não é garantido que vai ser de R$ 600”, aponta a comentarista.
- Como será feito o pagamento? Veja perguntas e respostas sobre empréstimo consignado do Auxílio Brasil
- Leia mais: Endividamento e inadimplência das famílias bateram recorde em abril
Para Flávia Oliveira, a intenção de liberar um empréstimo consignado para o Auxílio Brasil é a mesma do “pacote de bondades” do governo possibilitado pela PEC Kamikaze: criar um alívio econômico momentâneo para segurar a popularidade de Bolsonaro na corrida eleitoral às custas de uma “desproteção quase estrutural” das famílias contempladas.
“No futuro, quem ganha? Os bancos ganham. O governo, eleitoralmente. Mas a população não [ganha] necessariamente. Famílias em situação de vulnerabilidade precisam de assistência social, e não de empréstimo bancário.”