O fogo amigo provoca estragos à candidatura de Tarcísio de Freitas ao governo de São Paulo
No maior colégio eleitoral, o estado de São Paulo, o candidato que ele indicou ao governo, Tarcísio de Freitas, ex-ministro da Infraestrutura, nem de lá é, sequer morou por lá, e enfrenta a má vontade dos bolsonaristas não por causa disso, mas por tentar manter uma distância prudente do seu patrocinador político.
Não é ingratidão de Tarcísio, é puro cálculo com base na análise de pesquisas de intenção de voto. Bancar o clone de Bolsonaro não seria o melhor caminho para ele. Bolsonaro já não agrada aos paulistas pobres e ricos como agradou em 2018. De resto, Tarcísio é de direita, mas não de extrema direita como Bolsonaro.
Disse que não se curvou “à postura ideológica” na condução do Ministério da Infraestrutura e que divergiu da posição antivacina de Bolsonaro no combate à pandemia. Sobre as eleições de outubro, disse que elas serão travadas pelos “dois maiores líderes políticos da história do país”, que têm conexão direta com o povo.
Bolsonaro e seus devotos detestaram o que ouviram. E detestaram a aliança firmada por Tarcísio com Gilberto Kassab que deu ao PSD o lugar de vice na chapa. Ex-ministro das Cidades do governo Dilma, Kassab bate em Bolsonaro e afirma que apoiará Lula em um eventual segundo turno. Talvez no primeiro – quem sabe?
O mesmo enredo se repete em Minas Gerais, o terceiro maior colégio eleitoral, e na Bahia, o quarto. Neles, a companhia de Bolsonaro foi ostensivamente rejeitada pelos dois candidatos com mais chances de se eleger: Romeu Zema (NOVO), governador de Minas, e ACM Neto (União Brasil), ex-prefeito de Salvador.
Desde o fim da ditadura militar, todos os presidentes eleitos e reeleitos venceram em Minas. O estado, segundo as pesquisas, é o melhor retrato do Brasil. Em 2014, Aécio Neves (PSDB), candidato a presidente, derrotou Dilma em São Paulo por ampla margem de votos, mas em Minas, que governou duas vezes, perdeu.
Em Minas, no momento, Lula vence com folga Bolsonaro. Na Bahia, também. No Rio e em São Paulo, Bolsonaro cresce, mas menos do que desejaria e precisa para se reeleger.