Data apequenada

By | 08/09/2022 7:55 am

Menos agressivo contra instituições, Bolsonaro politiza festa da Independência

Jair Bolsonar (PL) no desfile do bicentenário da Independência, em Brasília – Gabriela Biló/Folhapress

Ao usar as celebrações do bicentenário da Independência como palanque da sua campanha à reeleição, Jair Bolsonaro (PL) apequenou as festividades a ponto de transformá-las num espetáculo indigno.

Numa data que requeria reflexão sobre os valores que unem a nação, os progressos alcançados em dois séculos e os desafios à sua frente, o presidente optou por fazer provocações, proferir grosserias e atacar adversários.

Pela manhã, falando à multidão que se reuniu para ouvi-lo após o desfile oficial em Brasília, ele atingiu o ponto mais baixo do dia ao fazer comentários machistas e se vangloriar da própria virilidade depois de elogiar sua mulher.

Quanto ao Supremo Tribunal Federal, o tom foi mais ameno do que o adotado nas manifestações de 7 de Setembro do ano passado, quando ofendeu ministros e ameaçou descumprir suas decisões.

Entretanto nos eventos houve faixas com mensagens golpistas de apoiadores e estímulo às vaias ao tribunal nos dois comícios. Ao lado do mandatário nos dois palanques estava um empresário investigado por ordem do STF.

Em Brasília e no Rio, Bolsonaro prometeu enquadrar os que jogam fora das balizas fixadas pela Constituição se for reeleito, mas em nenhum momento explicou o que exatamente faria ou nomeou os alvos da bravata.

Os presidentes do Supremo, da Câmara dos Deputados e do Senado não estavam lá para ouvir. Os três deixaram de lado o protocolo e ficaram longe do palanque brasiliense, expressando silenciosamente seu desagrado com a politização do evento oficial.

Se o objetivo de Bolsonaro era exibir força política e coletar imagens grandiosas para a propaganda eleitoral, ele decerto foi alcançado. Os limites da sua estratégia ficaram evidentes, porém, no tom e no conteúdo dos seus discursos.

Ele caracterizou a disputa eleitoral como uma batalha do bem contra o mal e preencheu suas falas com diversos acenos aos segmentos mais fiéis do seu eleitorado, porém não dirigiu nenhuma palavra aos eleitores que precisa conquistar para reduzir a distância que o separa de Lula.

Não houve também nenhuma menção às urnas eletrônicas, que até outro dia eram objeto de uma campanha de descrédito agressiva movida pelo presidente. Quase estacionado nas pesquisas, a poucas semanas do primeiro turno da votação, as opções de Bolsonaro parecem estar se esgotando.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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