Em práticas eleitorais legítimas, não tem muito o que fazer
(Janio de Freitas, jornalista, na Folha, em 10/09/2022)

Contradição aparente, o ganho de Bolsonaro não alterou a vantagem de Lula. Como Ciro perdeu dois pontos e os demais continuam estáticos, esses dois pontos fugidios compensaram os dois novatos de Bolsonaro. Mais dois, menos, a soma de todos os candidatos exceto Lula não aumentou. E só o aumento real dessa soma ou quedas de Lula podem distanciá-lo mais da decisão no primeiro turno.
Mantidos os seus 45 pontos percentuais, em estabilidade e pontos que a pesquisa Ipec confirma com repetidos 44, Lula manteve também, inalterado, o apoio quase maior que a soma de todos os outros —superioridade determinante de vitória no primeiro turno. Outro dado faz a mesma indicação: descartados os votos nulos e brancos, a subida de Bolsonaro não afastou Lula da distância de apenas dois pontos para chegar aos 50% dos votos válidos.
Bolsonaro está impotente. Em práticas eleitorais legítimas, não tem muito o que fazer. O fiasco do 7 de Setembro, com 100 mil presentes em cada um dos eventos, no lugar do milhão esperado em Brasília e outro tanto no Rio, sugerem não estar distante do seu limite de aderentes. O filho Carlos, voz mais influente, propõe táticas que os marqueteiros não aceitam, e vice-versa. O próprio Bolsonaro acredita em indisciplina de militares, não em escolhas pelos eleitores.