Bolsonaro impotente

By | 11/09/2022 7:14 am

Em práticas eleitorais legítimas, não tem muito o que fazer

 

(Janio de Freitas, jornalista, na Folha, em 10/09/2022)

Janio de Freitas
Logo em seguida a dois grandes atos de campanha com transmissão nacional de TV —o de Brasília e o do Rio— e já em plena propaganda eleitoral de TV e rádio, Bolsonaro não colheu no Datafolha mais do que dois pontinhos presos na margem de erro. Duvidosos, portanto. São números positivos de um fracasso, ao contrário do que numerosas interpretações lhes atribuíram. Mais aproximam Lula do êxito no primeiro turno. Mas preservam ou aumentam as incertezas sobre as possíveis condutas dos militares em derrota de Bolsonaro.

Contradição aparente, o ganho de Bolsonaro não alterou a vantagem de Lula. Como Ciro perdeu dois pontos e os demais continuam estáticos, esses dois pontos fugidios compensaram os dois novatos de Bolsonaro. Mais dois, menos, a soma de todos os candidatos exceto Lula não aumentou. E só o aumento real dessa soma ou quedas de Lula podem distanciá-lo mais da decisão no primeiro turno.

O presidente Jair Bolsonaro participa de cerimônia de posse do ministro Luis Felipe Salomão – Gabriela Biló – 30.ago.2022/Folhapress

Mantidos os seus 45 pontos percentuais, em estabilidade e pontos que a pesquisa Ipec confirma com repetidos 44, Lula manteve também, inalterado, o apoio quase maior que a soma de todos os outros —superioridade determinante de vitória no primeiro turno. Outro dado faz a mesma indicação: descartados os votos nulos e brancos, a subida de Bolsonaro não afastou Lula da distância de apenas dois pontos para chegar aos 50% dos votos válidos.

Bolsonaro está impotente. Em práticas eleitorais legítimas, não tem muito o que fazer. O fiasco do 7 de Setembro, com 100 mil presentes em cada um dos eventos, no lugar do milhão esperado em Brasília e outro tanto no Rio, sugerem não estar distante do seu limite de aderentes. O filho Carlos, voz mais influente, propõe táticas que os marqueteiros não aceitam, e vice-versa. O próprio Bolsonaro acredita em indisciplina de militares, não em escolhas pelos eleitores.

Entende-se que Bolsonaro já tenha lançado seu novo bordão: “Em eleição limpa, Lula não ganha”. Ao que parece, também a essa ideia o bolsonarismo militar adere, vendo-se a infantaria de coronéis que o Ministério da Defesa quer em “fiscalização” das operações eleitorais. Ali onde não faltam condições para pretextos.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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