O primeiro ponto é ter em mente de que nem todas as pesquisas são iguais. Há diferenças significativas de metodologias adotadas. Alguns institutos utilizam entrevistas presenciais enquanto outros optam por sondagem por telefone, que são mais baratas

Poucas coisas foram tão demonizadas nas redes sociais nos últimos tempos quanto as pesquisas eleitorais. Basta os veículos de comunicação publicarem uma sondagem feita junto ao eleitorado para comentários do tipo “quem acredita?”, “quem está pagando?” ou “eu prefiro acreditar em Papai Noel” pipocarem nas postagens. Em tempos de intensa polarização política, a maior registrada desde a redemocratização do país, a tendência é o clima se acirrar ainda mais. Afinal, estamos a 16 dias do primeiro turno e as definições de voto costumam ocorrer a partir de agora.
Antes de dar uma resposta definitiva, o primeiro ponto é ter em mente de que nem todas as pesquisas são iguais. Há diferenças significativas de metodologias adotadas. Alguns institutos utilizam entrevistas presenciais enquanto outros optam por sondagem por telefone, que são mais baratas. Outra questão é a amostragem e a margem de erro adotadas. Além disso, a falta de um Censo atualizado — a pandemia atrasou a realização do levantamento realizado pelo IBGE a cada década — deixou os institutos sem parâmetros confiáveis de renda, provocando uma grande variação das faixas usadas nas pesquisas.
Ressalte-se ainda que erros em pesquisas eleitorais são comuns. E na maior parte ocorre porque os institutos de pesquisas não conseguem captar as ondas de última hora — em 1998, por exemplo, o Ibope cravou que o ex-governador Joaquim Roriz ganharia no primeiro turno contra Cristovam Buarque, mas o que se viu foi o contrário, com o então petista na frente. No segundo turno daquela eleição, o então diretor do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, garantiu que Cristovam seria o eleito: “Juro que se o Cristovam não ganhar no DF, o Ibope não fará pesquisas no DF por duas eleições”. O resultado foi exatamente o contrário. Deu Roriz. E o instituto continuou a fazer sondagens eleitorais no DF. Até encerrar as atividades em 2021.
Comentário nosso
Vale salientar que alguns institutos de pesquisas vêm apresentando resultados bem próximos do resultado final nas últimas eleições. É o caso do Datafolha, por exemplo, que a nosso ver é o mais confiável dos institutos que vêm realizando pesquisas nas últimas eleições depois da redemocratização. O antigo IBOPE, hoje sucedido pelo IPEC também viu pesquisas suas confirmadas pelos resultados das eleições. Estes institutos e alguns poucos têm um nome a zelar e não querem ser desmoralizados por resultados que divirjam dos resultados de suas pesquisas. Mas há institutos que têm outros interesses. Um instituto que tem trazido pesquisas favoráveis a a Bolsonaro é o instituto Paraná e esta semana se divulgou que o referido instituto tem um contrato de milhões de reais com o Governo Federal para fazer pesquisas sobre os programas do Governo e as suas pesquisas eleitorais são feitas com recursos próprios, sem serem contratadas por outras empresas como acontece com outros institutos. (LGLM)