Gerson Camarotti. Comentarista político da GloboNews, do Bom Dia Brasil, na TV Globo, e apresentador do GloboNews Política. É colunista do G1 desde 2012,
Candidato à reeleição, presidente Jair Bolsonaro (PL) cumprimenta apoiadores no aeroporto de Belém (PA) — Foto: Reprodução
Apesar das declarações de aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL), colocando em dúvida os resultados das pesquisas eleitorais, o mais recente levantamento do Datafolha aumentou o clima de desânimo na campanha do candidato à reeleição.
Isso porque a pesquisa mostrou que a rejeição a Bolsonaro se consolidou em 52% dos eleitores. Além disso, o levantamento mostrou que o atual presidente se manteve com 33% das intenções de voto, enquanto Lula (PT) passou de 45% para 47%, chegando a 50% dos votos válidos (o que elevou as chances de o petista vencer já no primeiro turno).
Reservadamente, aliados já culpam Bolsonaro por erros recentes.
Porém, episódios recentes consolidaram a rejeição ao presidente, como os ataques a jornalistas mulheres e a candidatas, o uso eleitoral do funeral da rainha Elizabeth II, e a apropriação política das comemorações do Bicentenário da Independência, quando fez um discurso se declarando “imbrochável”.
Integrantes da campanha avaliam que o episódio que mais prejudicou Bolsonaro foi o fato de ele ter levantado nova suspeita sobre o sistema eleitoral brasileiro, quando estava em Londres (Inglaterra).
Interlocutores próximos de Jair Bolsonaro avaliam que ele deu um “tiro no pé” ao levantar nova suspeição contra a eleição. O presidente costuma atacar as urnas e repetir acusações já desmentidas por órgãos oficiais.
A declaração em Londres, em tom golpista, gerou efeito colateral para a campanha de Bolsonaro, pois estimulou intensa mobilização em torno do voto útil em Lula, sob o argumento de que isso é necessário para defesa da democracia.
Até então, coordenadores políticos da campanha de Bolsonaro aconselhavam o presidente a não retomar declarações levantando a suspeição da urna eletrônica e do sistema eleitoral brasileiro. Isso porque essa estratégia afasta de Bolsonaro o eleitor moderado, que teme um retrocesso institucional no Brasil.