Bolsonaro moveu mundos e fundos, mas não conseguiu inverter as posições, nem mesmo ameaçar a liderança de Lula

By | 25/09/2022 7:13 am

Onda anti-PT de 2018 não reverteu numa onda pró-PT em 2022, a hora é de racionalidade

Foto do autor: Eliane CantanhêdeReta final de campanha, nervos à flor da pele, excitação e medo, mas o fato é que a vantagem do petista Lula sobre o presidente Jair Bolsonaro vem desde 2018, atravessou todo o governo e se manteve bastante estável ao longo de toda a campanha de 2022. Bolsonaro moveu mundos e fundos, mas não conseguiu inverter as posições, nem mesmo ameaçar a liderança de Lula.

A dúvida na última semana é segundo turno ou não, porque dois fatores selaram o destino das eleições. O primeiro é a força indestrutível de Lula no Nordeste e entre os mais pobres e as mulheres, maiores eleitorados do País, com memória positiva dos dois mandatos de Lula. O segundo fator da desvantagem de Bolsonaro é Bolsonaro, incansável em gerar, ampliar e cristalizar uma ojeriza nacional contra ele.

Com Ipespe divulgada neste sábadio, 24, agregador Estadão Dados mostra Lula com 52% dos votos válidos, contra 36% de Bolsonaro.
Com Ipespe divulgada neste sábadio, 24, agregador Estadão Dados mostra Lula com 52% dos votos válidos, contra 36% de Bolsonaro. Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação e Carla Carniel/Reuters

Seus seguidores dizem que nunca houve um ataque tão sistemático contra um presidente. A realidade é que nunca houve um presidente tão obcecado em falar as coisas mais absurdas, agir de modo desmiolado, ameaçar a estabilidade nacional e corroer a imagem do Brasil no mundo. Ele não foi a vítima dos ataques, foi o autor. E atingiu um objetivo que nem o mais célebre marqueteiro do mundo conseguiria: esmaecer o antipetismo no País.

De nada adianta Bolsonaro consumir seus derradeiros programas de rádio e TV com o que todo mundo está careca de saber. Ninguém esqueceu o mensalão, a sanha contra a nossa Petrobras, as delações premiadas, os bilhões devolvidos aos cofres públicos e os conluios nos palácios. A questão é de prioridade.

Se a corrupção é devastadora sob qualquer ângulo, as maiores ameaças ao Brasil e aos brasileiros passaram a ser outras, ainda mais assustadoras: à democracia, à Justiça, aos direitos, à igualdade, à sobrevivência dos mais pobres e à própria vida.

É inacreditável que tantos sigam, mas é impossível que a maioria apoie quem defende tortura, milícias e armas fora de controle, crie caso com nações amigas, trate a cultura como inimiga, não tenha uma palavra para os miseráveis, negue a fome e a importância do meio ambiente, corte verbas dos programas mais essenciais para pobres e ache engraçado alguém morrendo sem ar (e assistência) na pandemia.

Em 2018, a onda anti-PT virou “antissistema” e liquidou candidatos experientes aos governos e ao Congresso para dar a vez a gente como Wilson Witzel e Daniel Silveira. Em 2022, não há uma onda pró-PT, mas uma lufada de racionalidade para uma união de forças que recupere o que foi destruído e princípios como democracia e humanidade, numa transição para o futuro. Com atenção máxima aos menores sinais de corrupção.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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