Primeiro debate entre presidenciáveis no 2º turno termina empatado, melhor para Lula; leia análise

By | 17/10/2022 8:55 am

Ex-presidente incomodou Bolsonaro ao tratar da pandemia; atual presidente acertou ao explorar corrupção

(Daniel Fernandes, no Estadão,

O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expôs a má gestão da pandemia feita pelo atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro, dominando a primeira parte do debate realizado neste domingo em São Paulo. Na parte final, foi a vez do candidato do PL conduzir o embate e repetidas vezes obrigar Lula a falar sobre corrupção, sobretudo sobre o escândalo envolvendo a Petrobrás, o chamado Petrolão – no bloco intermediário jornalistas fizeram perguntas. No final da noite, o empate técnico no primeiro debate entre Lula e Bolsonaro foi melhor a Lula, líder das pesquisas de intenção de votos e vitorioso no primeiro turno das eleições com aproximadamente 6 milhões de votos a mais que o atual presidente.

Lula conduz 1º bloco

O presidente Jair Bolsonaro mencionou, em menos de cinco minutos do debate deste domingo entre os candidatos, duas vezes o Nordeste. É na região que o candidato do PL precisa crescer seu desempenho nas urnas, no próximo dia 30, se pretende derrotar o candidato do PT no segundo turno. De acordo com a última pesquisa Datafolha, Lula tem 68% na região; Bolsonaro conta com 27%.

A estratégia de Lula, neste primeiro bloco, foi expor a má gestão do presidente durante a fase inicial da pandemia de covid-19, em 2020. Lula lembrou que o País tem 3% da população mundial e registrou, até o momento, 11% das mortes. Como resposta, Bolsonaro afirmou que foram aliados do ex-presidente que mataram “irmãos nordestinos” de covid por conta de “roubalheira” no Consórcio do Nordeste. O consórcio reúne os estados de Alagoas, Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Lula e Bolsonaro participam de primeiro debate no segundo turno
Lula e Bolsonaro participam de primeiro debate no segundo turno  Foto: Marcelo Chello/AP

No primeiro bloco, Lula conduziu o debate, legando a Bolsonaro responder sobre a pandemia. O ex-presidente tratou sobre a pandemia em aproximadamente dez dos 15 minutos à disposição do presidente. Incomodado, Bolsonaro conseguiu se livrar do tema ao tratar sobre suposta relação de Lula com Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, narcotraficante acusado de ser líder do PCC. Bolsonaro também disse que Lula visitou recentemente o Complexo do Alemão ao lado de bandidos. Ambas as acusações foram rechaçadas por Lula.

Segundo bloco foi o bloco do ‘não’

O segundo bloco do debate, no qual candidatos tiveram de responder perguntas dos jornalistas. Dessa forma, tanto Lula quanto Bolsonaro foram obrigados pela regra a tratar mais detidamente sobre propostas. E tanto Lula quanto Bolsonaro afirmaram que não pretendem aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Aumentar o número de magistrados é um dos movimentos capazes de corroer democracias.

Em uma pergunta sobre uma eventual privatização da Petrobrás, Lula foi categórico ao dizer que não pretende repassar para a iniciativa privada a empresa petrolífera. Bolsonaro não deixou sua proposta tão clara, preferindo falar que foi sua gestão que contribuiu para reduzir o preço dos combustíveis e controlar a inflação. Nenhum dos dois candidatos, no entanto, se comprometeram a criar uma lei que responsabilizaria criminalmente atores públicos que praticassem fake news.

Bolsonaro conduz 3º bloco

Se Lula conduziu o primeiro bloco do debate com a má gestão de Bolsonaro na pandemia, o atual presidente saiu-se melhor na terceira parte do encontro de domingo. O tema escolhido por Bolsonaro, o escândalo envolvendo a Petrobrás, deixou o ex-presidente visivelmente irritado – a ponto do petista interromper Bolsonaro e ser reprimido pelos mediadores duas vezes.

Lula criticou as operações que levaram à prisão de diversos executivos, indicando que elas foram responsáveis por desemprego, já que essas mesmas empresas passaram a enfrentar dificuldades.

Bolsonaro insistiu no tema, forçando o adversário petista a buscar referências no seu desempenho na economia, obviamente considerado por ele ótimo, assim como também trouxe ao debate outro ponto delicado a Bolsonaro, os recordes negativos de desmatamento no País durante a gestão do hoje candidato pelo PL. Lula conseguiu êxito parcial, indicou que pretende criar o ministério dos povos indígenas e explorar corretamente a biodiversidade, o que Bolsonaro considerou proposta para dividir a biodiversidade com outros países.

Mas a administração do tempo mais eficiente, fez com que Bolsonaro passasse a parte final do bloco ‘falando sozinho’. Bolsonaro voltou a ligar Lula a criminosos no Rio de Janeiro, a Daniel Ortega, atual presidente da Nicarágua desde 2007. Sozinho no centro do estúdio, por mais de quatro minutos, o atual presidente citou até o Foro de São Paulo, além de criticar a economia da Argentina, falou sobre a miséria na Venezuela e perguntou aos eleitores se eles querem isso ao Brasil.

Dia 30, no segundo turno, os brasileiros mostrarão o que querem para o País. Até lá, se continuar empatando nos debates, Lula chegará em vantagem.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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