Só num país imaginário, o presidente inventa uma farsa eleitoral e todos temem golpes

By | 28/10/2022 6:34 am

Se o candidato à reeleição perder, como preveem pesquisas e o comportamento dele próprio indica, tudo é possível. Inclusive nada

 

(Coluna Eliane Cantanhêde, Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta, 28/10/2022)

Antes, porém, nesse país imaginário, esse político preso, armado e amalucado recebe agentes da Polícia Federal com 50 tiros e três granadas. E o que faz o presidente da República? Destaca o ministro da Justiça para negociar, a favor do aliado criminoso, com quem ele disse que nunca tirara uma foto. A internet foi inundada de fotos dos dois.

Antes, porém, nesse país imaginário, esse político preso, armado e amalucado recebe agentes da Polícia Federal com 50 tiros e três granadas. E o que faz o presidente da República?
Antes, porém, nesse país imaginário, esse político preso, armado e amalucado recebe agentes da Polícia Federal com 50 tiros e três granadas. E o que faz o presidente da República? Foto: Reprodução

Ato contínuo, um ministro desse país imaginário, que não deveria ter nada com a campanha de reeleição, convoca uma entrevista, à porta do palácio presidencial, e denuncia fraude na divulgação das peças eleitorais nos rádios. Suspense! Tensão! Mas não era nada. Muitos consideraram uma farsa e o presidente da Corte Eleitoral tachou de “tentativa de tumultuar” as eleições, dias depois.

Como “prova”, o presidente não apresentou nenhuma “auditoria” real, só uma lista de oito rádios, num universo de 6 mil, nas quais teria havido problema. Todas, porém, comprovam que as inserções foram transmitidas, sim, a não ser quando… o partido do presidente entregou o material atrasado.

O feitiço virou contra o feiticeiro, que ficou muito bravo com a decisão da Corte Eleitoral de mandar investigar sua campanha por má-fé, e convocou reunião com ministros, generais e comandantes militares. O que aconteceu? Novamente nada.

No meio disso, um sujeito esquisitão apresenta denúncia na mesma linha, de “fraude” nas rádios”, é demitido do tribunal eleitoral e abre uma crise dentro da crise. Mas dura pouco. O tempo para se saber de posts dele contra o candidato da oposição e dos posts da rádio citada a favor do presidente.

Apesar de tudo, a eleição corre em impressionante estabilidade, com o candidato da oposição na frente, o da reeleição produzindo factoides, batendo cabeça com sua assessoria e… alimentando o pavor geral de um golpe nesse país imaginário. Como se fosse fácil dar golpes nesse país com economia forte, sociedade atenta, instituições sólidas e uma Corte Suprema e uma Corte Eleitoral capazes de responder a todas as ameaças.

Golpe não haverá, mas a guerra continua, com milhares de eleitores com revólveres, fuzis, talvez até granadas. Se o candidato à reeleição perder, como preveem pesquisas e o comportamento dele próprio indica, tudo é possível. Inclusive nada. Porque, como dizem Constituição e Forças Armadas, é simples: quem ganhar leva. Até mesmo em países onde a realidade supera a ficção.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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