Bolsonaro não quer passar a faixa presidencial para Lula e tarefa pode ficar com Mourão (seguido de comentário nosso)

By | 02/11/2022 7:59 am

Com um aviso prévio em mãos, o presidente que se despede do Planalto planeja montar uma espécie de “gabinete paralelo” da direita contra o governo do PT, após a virada do ano

(Coluna Vera Rosa, Repórter especial do Estadão,

Foto do autor: Vera Rosa
Desde que perdeu as eleições, o presidente Jair Bolsonaro dá sinais de que vai apostar no confronto até a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em 1.º de janeiro de 2023. Disposto a mostrar que comanda a “tropa” nas ruas, Bolsonaro demorou quase 45 horas após ser derrotado para fazer um pronunciamento de pouco mais de dois minutos, no qual vestiu o figurino de líder da oposição.

O discurso foi lido de duas formas. Para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro entendeu o recado de que, ao não se manifestar sobre os bloqueios nas estradas e deixar a confusão correr solta, estava cometendo crime de responsabilidade. No diagnóstico de seus apoiadores, porém, o chefe do Executivo apenas “despistou” os críticos quando conjugou, com todas as letras, o verbo da rendição: “Acabou”.

Para ministros do Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro entendeu o recado de que, ao não se manifestar sobre os bloqueios nas estradas, estava cometendo crime de responsabilidade.
Para ministros do Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro entendeu o recado de que, ao não se manifestar sobre os bloqueios nas estradas, estava cometendo crime de responsabilidade. 

Eles podem ter razão. Com um aviso prévio em mãos, o presidente que se despede do Palácio do Planalto quer montar uma espécie de “gabinete paralelo” da direita contra Lula, após a virada do ano. A portas fechadas, Bolsonaro confidenciou que não pretende passar a faixa presidencial, deixando a tarefa para o vice, Hamilton Mourão. A ideia é seguir o mesmo roteiro de Donald Trump nos Estados Unidos.

Filiado ao PL de Valdemar Costa Neto, o atual ocupante do Planalto almeja ser o principal antagonista de Lula e pavimentar o caminho para 2026, se a Justiça deixar. O Centrão, porém, já começou a desembarcar do governo.

“Lula precisará ter muita habilidade para pacificar, senão o Brasil vai pegar fogo”, afirmou o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA). “Bolsonaro é homem de confronto, mas nós não vamos apoiar uma guerra.”

Às vésperas do segundo turno, Elmar disse ao Estadão que, se o STF considerar inconstitucional o orçamento secreto distribuído pelo Congresso, sofrerá retaliações. “Se tirar o nosso, a gente tira o deles”, avisou. Questionado na tarde desta terça-feira, 1º, o deputado – que é aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) –, adotou outro tom. “A hora é de unir o Brasil e as instituições precisam ser respeitadas”, insistiu ele. Tradução: com o café frio no Planalto, o Centrão já pisca para Lula.

Na tentativa de entender a cabeça de Bolsonaro, ministros do STF se debruçaram, nos últimos tempos, sobre livros que tratam de fake news e teorias da conspiração. Um deles foi Os Engenheiros do Caos, de Giuliano Da Empoli. Em um dos trechos, o autor diz que “o sucesso dos nacional-populistas se mede pela capacidade de fazer explodir a cisão esquerda/direita para captar os votos de todos os revoltados e furiosos, e não apenas dos fascistas”.

Bolsonaro quase conseguiu isso nas eleições, mas, ao não sair de sua bolha, perdeu para ele mesmo. Agora, parece querer revanche. Pobre Brasil.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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