Nos bastidores, partido de Arthur Lira e Ciro Nogueira, atual chefe da Casa Civil, sinaliza que pode abrir diálogo com o presidente eleito
(matéria de Sarah Teófilo e Rodrigo Rangel)
Internamente, integrantes da legenda falam em dialogar com o presidente eleito. Para além do eterno desejo do partido de obter cargos relevantes – e, claro, nacos do orçamento público –, há outros interesses envolvidos, como a reeleição de Arthur Lira como presidente da Câmara dos deputados.
Lira, aliado do atual governo, e Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil de Jair Bolsonaro, são as principais lideranças do PP. O partido, que tem em seu DNA a principal característica do Centrão – a de ser governo sempre, independentemente de quem esteja no poder –, integrou a base de Lula e de Dilma Rousseff no Congresso.
Um parlamentar próximo de Lira e Ciro disse à coluna que o partido não fará oposição a Lula porque não esse é o perfil da legenda. O PP, observou ele, “sempre ajuda a construir uma base para o presidente governar”.
Líder do governo a Câmara, o deputado Ricardo Barros, outro nome importante do partido, disse que ainda é cedo para se reunir com o presidente eleito ou com seus representantes, mas não descartou uma futura aproximação.
Indagado se há alguma chance de o PP fazer oposição ao futuro governo, ele saiu-se com esta: “Não sei. Tem que reunir a bancada dos deputados eleitos e medir a temperatura”.
Do lado do PT, os sinais emitidos pelo PP são vistos com bons olhos. Uma fonte graduada do partido, que estava junto de Lula na comemoração da vitória no domingo, disse que os gestos observados até aqui indicam que o partido de Lira e Ciro vai colaborar, inclusive, com a transição.
No comando da Câmara, a ajuda do PP pode ser crucial também nas tratativas sobre o orçamento do ano que vem, algo fundamental para o planejamento das ações do novo governo em 2023.
A mesma fonte petista fonte mencionou, como sinal da boa vontade, o discurso pós-eleições de Arthur Lira, que foi muito bem-visto por Lula e seu entorno. Na contramão dos bolsonaristas, o presidente da Câmara defendeu a lisura do processo eleitoral e disse que não irá aceitar “revanchismos ou perseguições”. Também falou em “debate” e “diálogo”.
Como mostrou a coluna, mesmo no atual partido de Bolsonaro, o PL, já há quem admita futuras parcerias com Lula – em privado, até o presidente da legenda, Valdemar da Costa Neto, se mostra afeito à ideia.
Para quem conhece o Centrão, os sinais são mais do que suficientes para entender que há espaço para conversa – a que preço, ainda não se sabe.
Comentário nosso
O Centrão, de que o PP faz parte, é mais situacionista do que o Diário Oficial. Não é novidade eles já estarem procurando o PT para aderir ao Governo Lula. Eles fizeram parte da base de Lula e de Dilma. Estão tentando derrubar a fama do MDB que sempre foi da situação. (LGLM)