(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM)
Tem gente que gosta de se enganar. O que os bolsonaristas que estão na frente dos quartéis acham que vão conseguir com as suas manifestações?
Só para ter uma ideia da idiotice destes manifestantes vamos reproduzir uma declaração registrada na quarta-feira pelo Portal 40 Graus, sobre manifestação em frente ao Tiro de Guerra 07/152, de Patos: Mas o que mais chamou atenção de quem passava pelo local foi quando os presentes entoaram gritos em alta voz: “Forças Armadas! Eu autorizo intervenção federal”.
De acordo com os bolsonaristas, era apenas essa ordem que o Exército Brasileiro estava esperando para agir e assumir o poder tendo o próprio Bolsonaro como chefe, porém, agora como ditador ou mesmo interventor.
Coitadas das Forças Armadas brasileiras se estivessem esperando a autorização daqueles “gatos pingados” para decretarem uma intervenção federal!
Muito mais alto do que eles, falou o ainda vice-presidente da República, General Hamilton Mourão: “Agora não adianta mais chorar, nós perdemos o jogo”.
Na sexta-feira, a CNN publicou matéria sob a manchete: Pouco antes de quebrar o silêncio, Bolsonaro consultou Exército sobre judicializar eleições e não teve apoio, segundo oficiais ouvidos pela CNN, cujos primeiros parágrafos registraram:
No dia que quebrou o silêncio e fez um pronunciamento no Palácio da Alvorada após o resultado da eleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL), horas antes, consultou os militares do Exército Brasileiro sobre a possibilidade de judicializar o resultado das urnas sob a justificativa de que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) poderia ser considerado inelegível por conta das condenações na Lava Jato.
Integrantes das Forças Armadas, entretanto, não deram apoio ao presidente para seguir nessa investida. Fontes militares ouvidas pela CNN disseram que a sugestão chegou a receber o aval de uma das Forças e negada por outra, além do Exército, o fiel da balança que não endossou a tentativa do presidente.
Não adiantam relatórios fajutos e forjados, os militares não são burros, como o mundo todo, sabem que as urnas são seguras e o resultado é correto.
Se os altos oficiais das Forças Armadas não autorizaram as atitudes golpistas do ainda Presidente Bolsonaro, de que vai adiantar, a presença de centenas ou milhares de desocupados, na frente dos quartéis, “autorizando” as Forças Armadas a decretar uma intervenção federal ou um golpe militar. Quantos generais da ativa, até agora, foram lá fora dos quartéis, confraternizar com estes desocupados? Quantos generais em comando de tropa se solidarizaram com esses manifestantes?
De nada vão adiantar estas manifestações, nem as “fakes news” e outras mentiras divulgadas nas redes sociais, falando em anulação de eleições e intervenção militar ou golpe de Estado. Para estes desocupados pode sobrar é processos por infração do Código Penal, como para os proprietários dos caminhões que faziam bloqueios vão sobrar milhões de reais em multas, além do risco de processos penais.
Pena que há até colegas jornalistas incentivando estas manifestações ilegais, com risco de incidirem, junto com seus veículos, nas penas da lei.
Havíamos pensado comentar também uma greve geral programada para esta segunda-feira pelos bolsonaristas para afrontar a Justiça Eleitoral e a lei penal. Deixamos de fazê-lo diante do fato de que a greve geral, simplesmente, abortou.
Os manifestantes desocupados devem voltar para suas casas, já que não têm outra coisa a fazer, e devem ir curar esta ressaca que já dura mais de oito dias.
Lula é presidente a partir de 1º de janeiro e só resta a Bolsonaro e seus ministros passarem as informações que lei determina para que se faça a transição e Lula e seus ministros arrumem, a partir do começo do ano, a bagunça que Bolsonaro está deixando.
E que Bolsonaro e seus “puxa-sacos” se organizem para responder a milhares de processos a quem vão ter que responder.
Post scriptum – Com relação às últimas manifestações dos ministros militares, não mudam nada. Eles evitam melindrar o ainda presidente Bolsonaro, “com papas na língua”, evitando cuspir no prato em que estão comendo até 31 de dezembro. Ao mesmo tempo, tentam ficar bem com os novos chefes militares que vão assumir a partir de 1º de janeiro de 2023. Por isso, nenhum chefe militar falou até agora que tenha havido fraude nas eleições, supremo sonho dos bolsonaristas para tentar “bagunçar o coreto”. “Deixa como está” que eles terminarão cansando e a ressaca estará curada! Só restará “a dor de cabeça” com as multas e os processos. (LGLM)