Exército emite nota interna em defesa de generais do Alto Comando chamados de comunistas (seguido de comentário nosso)

By | 18/11/2022 7:05 am

O comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, determinou o envio de mensagem para todo o púbico interno a fim de alertar aos integrantes da Força sobre notícias falsas que classificam como “melancias” generais do Alto Comando. Melancia é a designação dada a oficiais supostamente comunistas ou simpáticos à esquerda porque seriam verdes e amarelos por fora e vermelhos por dentro.

O general Freire Gomes; pelo menos cinco generais são alvo das publicações
O general Freire Gomes; pelo menos cinco generais são alvo das publicações Foto: Marcos Corrêa/PR

De acordo com o informe, “ao tentarem de forma anônima e covarde disseminar desinformação no seio da Força e da sociedade, esses grupos ou indivíduos atestam a sua falta de ética e de profissionalismo”. E conclui: “O Exército Brasileiro permanece coeso e unido, sempre em suas missões constitucionais, tendo a hierarquia e a disciplina de seus integrantes o amálgama que o torna respeitado pelo povo brasileiro, seu fiador”.

Informe do Exército enviado ao público interno em defesa de generais do Alto Comando chamados de comunistas
Informe do Exército enviado ao público interno em defesa de generais do Alto Comando chamados de comunistas 

Cinco generais foram alvo das publicações, entre eles Valério Stumpf, o chefe do Estado-Maior do Exército. Também foram citados nas publicações os comandantes militares do Sudeste (Tomás Miné Ribeiro de Paiva), do Leste (André Luiz Novais) e do Nordeste (Richard Nunes), além do general Guido Amin, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército.

Após a nota do Exército, passaram a circular em grupo bolsonaristas publicações que responsabilizavam “esquerdistas” pela divulgação das publicações contra os generais, como se elas tivessem como objetivo distanciar o Exército dos integrantes de protestos que ocupam as portas dos quartéis desde que o petista Luiz Inácio Lula da Silva derrotou Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições.

Outras publicações feitas por bolsonaristas buscavam pressionar generais de brigada, de divisão e de exército. Compartilhadas por bolsonaristas, elas questionavam diretamente os oficiais com a seguinte pergunta: “E agora, general? No dia 01/Jan/2023, V.Exa. pretende prestar continência a quem? Ao povo brasileiro ou aos comunistas?”
Bolsonaristas passaram a enviar publicações em que cobram generais a se posicionar se vão 'prestar continência' ao novo governo. Na publicação, o chefe do comando de Operações Terrestres (Coter), general Estevam Theóphilo
Bolsonaristas passaram a enviar publicações em que cobram generais a se posicionar se vão ‘prestar continência’ ao novo governo. Na publicação, o chefe do comando de Operações Terrestres (Coter), general Estevam Theóphilo 

Para cada general, os autores das postagens fizeram uma publicação na qual constava a pergunta, a foto do oficial, seu nome e o comando ocupado. A linguagem é militar. O Estadão apurou que pelo menos três dos generais citados receberam a publicação em seus telefones celulares. Houve ainda publicações contra generais da reserva, também identificados como simpáticos ao comunismo, como general Otávio Rêgo Barros, que foi porta-voz de Bolsonaro e se tornou crítico ao governo. Rêgo Barros foi retratado com um capacete em forma de melancia na cabeça.

Esta não é a primeira vez que o termo melancia é usado pelo bolsonarismo e pelo próprio Bolsonaro para designar generais. Em 2019, após ser criticado por uma declaração que chamou os nordestinos de “paraíbas”, Bolsonaro chamou o general Luiz Eduardo Rocha Paiva de “melancia” em sua conta de Twitter. Rocha Paiva, no entanto, é considerado um dos mais anticomunistas generais do Exército e era amigo do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Outro que foi retratado como comunista pelos bolsonaristas foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que após deixar o governo Bolsonaro, onde fora ministro-chefe da Secretaria de Governo, passou a criticar o radicalismo do presidente e o que considerava ser uma tentativa de envolver o Exército na política.

O episódio gerou confusão entre bolsonaristas. Influenciadores e organizadores em grupos antidemocráticos no WhatsApp e Telegram pediam para que apoiadores do presidente parassem de acusar os generais. Para eles, as mensagens foram disseminadas por infiltrados. Como mostrou o Estadão, a acusação de “membros infiltrados” é constantemente usada para manter um discurso único entre os correligionários.

Comentário nosso
Mais um desrespeito dos bolsonaristas ao Brasil. Estão tentando disseminar a cisânia dentro das Forças Armadas, para dificultar a escolha dos comandantes militares no Governo Lula. Ao tentar institular o seu veneno provam mais uma vez que não amam o Brasil, mas simplesmente os seus próprios interesses pessoais contrariados. As Forças Armadas não são de ninguém.  Nem de Lula, nem de Bolsonaro. As Forças Armadas são de todos o brasileiros, são da Nação como um todo. Qualquer divisão que se faça entre elas prejudica o país como um todo. E isto já vem sendo tentado por Bolsonaro desde o início do seu Governo. Mas, a maioria do povo brasileiro não concordou com as suas manobras negacionistas na COVID nem com a sua tentativa de subverter as Forças Armadas em favor de um golpe de Estado. Os atuais comandantes continuam fiéis aos seus princípios e não vão se deixar envenenar. (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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