(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 06/12/2022)
Uma notícia auspiciosa para os produtores de calçados de Patos foi a inauguração, esta semana, do Centro de Comercialização Calçadista de Patos. Mas a que ponto isso vai ajudar a categoria como um todo? Os pequenos produtores de calçados vão ter condições de concorrer com os fabricantes de maior porte, com condições plenas de adquirir a matéria prima e remunerar a mão de obra? Ou os pequenos vão continuar na mão dos agiotas que sempre sugaram a categoria, vendendo a eles a matéria prima mais cara e comprando a sua produção a preço de banana?
A categoria dos pequenos produtores de calçados tem é que se organizar como cooperativa, única maneira de se livrarem dos agiotas. Na cooperativa, eles terão condições de adquirir a matéria prima em conjunto, conseguindo preço muito menor para o material que compram. Ao mesmo tempo terão muito mais condições de vender o seu produto sem serem sugados pelos agiotas que vão adquirir a sua produção.
Algumas lideranças da categoria têm tentado organizar os sapateiros, como o eterno Viana, há vários anos à frente da Associação, e como uma das lideranças que tentou mais de uma vez implantar em Patos uma semente de cooperativismo. Mas a categoria, infelizmente, não tem educação cooperativista, e não acredita naquilo que no Sul do país tem feito a fortuna de cidades inteiras. Tem cidade no Paraná, em Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e em Goiás que vive em torno de cooperativas de produtores de leite, de produtores de frangos, de criadores de porcos, de fabricantes de móveis e assim por diante. Na cooperativa se ganha dinheiro nas duas pontas. De um lado compra-se a matéria prima e os insumos mais baratos, de outros tem condições de obter melhores preços pelos seus produtos, porque a cooperativa se encarrega da divulgação, da venda e da entrega, rateando as despesas entre os produtores. Não sei se o Sebrae já tentou ensinar cooperativismo em Patos.
Muitas promessas têm sido feitas no sentido de criar em Patos um Polo Coureiro Calçadista. Alguma coisa já se fez, não há por que se negar. Hoje existe um Conjunto dos Sapateiros onde quase uma centena de famílias já foi assentada. Já há um projeto de construção de galpões para os pequenos, médios e grandes fabricantes, para o qual o Estado e município contribuiriam com três galpões, promessas que em toda campanha são garantidas para os próximos dias. Segundo me disseram até a distribuição dos espaços nestes galpões já teria sido feita. Mas cadê os galpões?
Tais galpões segundo o projeto seriam equipados com as máquinas necessárias para o desenvolvimento da produção. Mas, às custas de quem? A nosso ver só os grandes é que deveriam comprar as suas máquinas, pequenos e médios deveriam utilizar máquinas comunitárias, pagando um preço mínimo pela sua utilização.
Mas quanto tempo vamos esperar pela implantação deste Polo Coureiro Calçadista, por enquanto, promessa de cada campanha? Por sinal vem aí a próxima campanha em 2024 e na inauguração do Centro de Comercialização já começaram a prometer “mundos e fundos”.
Até que isso seja feito, o Centro de Comercialização Calçadista de Patos só vai servir para os fabricantes que já estão organizados e equipados. Os demais vão só namorar e sonhar com seus stands, e enquanto isto vão só ficar “chupando o dedo”.