Rui Costa deve dar à Casa Civil perfil mais técnico do que político

By | 09/12/2022 4:05 pm
Após abrir mão de lançar-se candidato ao Senado e se sair vitorioso na missão de eleger seu sucessor, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), foi o escolhido pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para comandar a Casa Civil, um dos ministérios mais importantes na relação com a Presidência da República. Considerado dedicado e bom gestor, o petista também é classificado como um nome mais técnico do que político.

Sucessor do também petista Jaques Wagner no Palácio de Ondina, Rui Costa tem 59 anos, é economista formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e começou a carreira política no Polo Petroquímico de Camaçari. Assim como Wagner, dirigiu o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Petroquímica (Sindiquímica) e ajudou a fundar o PT na Bahia ainda na década de 1980.

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), foi escolhido por Lula para ocupar um dos principais ministérios de seu futuro governo. FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), foi escolhido por Lula para ocupar um dos principais ministérios de seu futuro governo. FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO Foto: WILTON JÚNIOR / undefined

Foi eleito duas vezes vereador, em 2000 e 2004, antes de assumir a Secretaria de Relações Institucionais da Bahia, em 2007, durante o primeiro governo Jaques Wagner. Em seguida, venceu mais uma eleição, desta vez para a Câmara dos Deputados, em 2010, tornando-se potencial candidato ao governo baiano.

A candidatura veio em 2014, quando venceu a disputa em primeiro turno. Quatro anos depois, reelegeu-se também na primeira etapa, com 75,71% dos votos. Desde então, Rui Costa manteve bons índices de aprovação, o que ajudou na corrida para definir seu sucessor.

Aliados e assessores descrevem Rui como uma figura muito hábil em construir parcerias com prefeitos baianos, o que lhe rendeu grande popularidade no interior. Foi com essa característica e a parceria com o PSD — sigla que tem o maior número de prefeitos no Estado — que o atual governador construiu a base que elegeu seu ex-secretário da educação Jerônimo RodriguesAté então desconhecido, o petista venceu uma disputa acirrada contra o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) em segundo turno.

“Rui teve um grande papel na vitória de Jerônimo”, disse o deputado federal Jorge Solla (PT-BA). “Não só como governador, transferindo avaliação positiva, mas na coordenação da campanha. Ele é a pessoa que acompanha de perto todas as áreas de governo e monitora.”

Otto Alencar diz ainda que Rui Costa é alguém “detalhista”, avaliação feita também por figuras do entorno ouvidas pela reportagem. “Ele é muito detalhista, vai profundamente na análise dos projetos e termina o dia com a mesa vazia. Despacha tudo, resolve tudo”, afirmou o senador.

Críticas

Críticos, no entanto, afirmam que o governador baiano mantém pouco diálogo com deputados na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), o que pode prejudicar sua atuação na Casa Civil. “Ele nunca teve relacionamento (com os deputados), tratava com truculência e sem relacionamento”, afirma o deputado estadual Robinho (PP), que rompeu com o petista em 2021.

João Leão (PP) — que foi vice-governador nos dois mandatos e rompeu com o governo nas eleições deste ano — acredita que Rui fará um bom trabalho porque é “trabalhador” e que não tem nada a reclamar da relação que teve enquanto estiveram juntos. Mas destaca o perfil mais técnico do ex-aliado. “Ele é muito mais técnico do que político”, disse.

O deputado estadual Robinho (PP) vê a escolha ao ministério com desconfiança. “(A Casa Civil) é o ministério dos ministros. Lá, irá se relacionar com os deputados, com os ministérios, com as autarquias e Rui é ruim de relacionamento”, afirmou.

Outras pessoas qualificam Rui como “duro”. Diferentemente de Wagner, o atual governador teve maior proximidade com as polícias no Estado. Quando policiais militares entraram em confronto no bairro do Cabula, por exemplo, e mataram 12 pessoas, Rui Costa disse que os policiais eram “como um artilheiro em frente ao gol”. O episódio lhe rendeu críticas dentro do PT.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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