(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, no Papo de Coleguinha, da Espinharas FM, em 13/12/2022)
Há muitos anos se disseminou na política brasileira a corrupção eleitoral. Uma das grandes verdades nesta área é que não há corruptor se não houver corrompido. Ou seja, enquanto houver eleitor disposto a vender o seu voto sempre haverá que esteja disposto a comprar o seu voto. Ou seja, nós eleitores é que somos culpados pela existência deste crime eleitoral de compra de votos.
O comentário foi provocado pela notícia divulgada a semana passada de que a Polícia Civil da Paraíba teria executado vários mandados de busca e apreensão na região, para informar o processo que visa apurar denúncias de compras de votos em Patos e outras cidades do sertão, mediante a distribuição de cestas básicas em troca de votos.
Não houve ainda a determinação de prisões, mas as buscas visariam apurar denúncias envolvendo candidato a deputado federal que teria usado agentes seus para a compra de votos. Se comprovado o fato os responsáveis poderão até cumprir prisão pelo crime eleitoral.
Esperamos que as buscas levem a apuração dos fatos, com a punição dos culpados ou com a absolvição dos suspeitos se forem inocentados.
O que estranhamos é que tal tipo de investigação só agora tenha vindo à luz, quando há apenas dois anos tivemos inúmeras denúncias de compras de votos por parte de candidatos a vereadores na cidade de Patos, a ponto de se dizer que a maioria dos nossos vereadores terem sido eleitos, justamente através a compra de votos. Embora os suspeitos digam que a nós outros o que faltaram foram votos.
Como não houve apuração, as suspeitas continuam e os vereadores que pretensamente teriam sido eleitos mediante esta mutreta continuam com o seu mandato manchado por esta suspeita. No interesse deles próprios seria interessante que as denúncias tivessem sido apuradas para que as suspeitas contra eles fossem afastadas. O próprio fato de a maioria dos nossos vereadores fazerem parte da base do prefeito local continua a alimentar as suspeitas, principalmente pela forma subserviente com que a maioria deles tem atuado no mandato até agora, como se estivessem interessados apenas em auferir vantagens que lhes cubram as despesas com que arcaram para conseguir a eleição.
Da mesma maneira que desejamos que os fatos esclareçam as denúncias de que se trata atualmente, com relação a um candidato a deputado federal, tínhamos interesse em que se apurassem as denúncias que foram feitas na cidade de Patos em 2020, com relação a alguns dos nossos vereadores eleitos e outros que apesar de não eleitos também teriam tentado sê-lo usando votos comprados.
Só quando punirmos compradores e vendedores de votos, corruptores e corrompidos, conseguiremos acabar com a corrupção eleitoral, no Brasil.