Assim como na pandemia, Bolsonaro produziu pilhas de provas contra si nos atos golpistas

By | 15/01/2023 11:15 am

Investigações sobre os atos de caráter terrorista em Brasília começam a apontar para o mandante do crime

 

(Eliane Cantanhêde, no Estadão, em 15/01/2023)]
Foto do autor: Eliane CantanhêdeSão várias e até aqui eficientes as frentes de investigação sobre atos de caráter terrorista contra o resultado das eleições, as instituições, o patrimônio público e a própria democracia brasileira. Essas frentes começaram nos executores, avançaram para financiadores, chegam a mentores e começam a apontar para o topo da pirâmide: o mandante do crime.

Foram fichadas 1.500 pessoas, que, aliás, não estavam num “campo de concentração”, como dizem bolsonaristas, mas, sim, na polícia, com água, banheiros, café da manhã, almoço e jantar. E, agora, foram divididas: homens na Papuda, mulheres na Colmeia e “alvos humanitários” soltos, apesar de bem saudáveis em barracas, com chuva e lama em volta de quartéis.

Ao lado de Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, preso na manhã de domingo e alvo de investigação por omissão durante a invasão das sedes dos três Poderes.
Ao lado de Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, preso na manhã de domingo e alvo de investigação por omissão durante a invasão das sedes dos três Poderes. Foto: Evaristo Sa/AFP

A Justiça também acatou o pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) para bloqueio de R$ 6,5 milhões de 52 pessoas físicas e sete empresas que bancaram ônibus e custos de golpistas. O dinheiro é para ajudar a cobrir prejuízos, mas o principal é dar nome, cara e CPF a quem ameaça a segurança nacional.

Buscam-se também parlamentares e outras autoridades que, com mandatos democráticos, ameaçam a democracia. Além deles, agitadores de internet, que fazem lavagem cerebral, disseminam fake news e usam imagens até de idosas mortas e cidadãos comuns para inventar mortos na prisão e atribuir as invasões a petistas.

As investigações mudam de patamar agora com a prisão do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o rascunho de um ato até imoral para materializar o golpe contra a posse do presidente Lula. Pode não ser nada, mas pode ser muita coisa.

E, assim, vai-se chegando ao topo da pirâmide, com Alexandre de Moraes incluindo Jair Bolsonaro no inquérito sobre a autoria dos atos, a pedido de mais de 80 membros do MP, via PGR. Assim como na CPI da Covid, provas, vídeos e áudios que o próprio Bolsonaro produziu contra si em quatro anos são avassaladores. E os ventos mudaram…

Ponto para a PF

Às 18h23 de sábado, 7, o diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, emitiu ofício, ao qual tive acesso, alertando para o alto risco de “ações hostis e danos contra Congresso, Planalto e Supremo…”. E sugeriu a proibição de trânsito de ônibus com os golpistas, “para evitar atos de vandalismo”, e de “grupos de pessoas com o propósito de atentar contra o patrimônio público ou privado, bem como à democracia brasileira”.

Mais claro, impossível. Mas só os ônibus foram proibidos na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes. Os “grupos de pessoas” tiveram acesso liberado à Esplanada e facilmente derrubaram as barreiras policiais para chegar aos Três Poderes. Foi moleza.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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