Processar e punir

By | 15/01/2023 11:52 am

Procuradoria, que pediu investigação de Bolsonaro, é fundamental contra golpismo

O procurador-geral da República, Augusto Aras – Antônio Augusto/Secom/TSE

A conversão do bolsonarismo num movimento subversivo violento, culminada há uma semana com a depredação das sedes dos três Poderes, esgota qualquer margem de dúvida que ainda poderia haver sobre a necessidade de reprimir os extremistas que, em funções públicas e representativas, agridem o Estado democrático de Direito.

A triagem deveria começar nos próprios partidos políticos, até porque no Brasil eles se sustentam com bilionárias transferências dos pagadores de impostos, que exigem representação democrática.

A acomodação corporativista que nas casas legislativas bloqueia punições e cassações precisa ser desfeita em nome da intransigência com a promoção do autoritarismo. O ódio e o nojo à ditadura, na fala memorável de Ulysses Guimarães (1916-1992), também deveriam nortear os juízos políticos sobre quebra do decoro parlamentar.

O procurador solicitou ao Supremo Tribunal Federal abertura de inquérito contra três deputados bolsonaristas eleitos em outubro, suspeitos de incitarem a baderna golpista de 8 de janeiro. Na sexta (13), foi a vez do próprio Bolsonaro, com pronta concordância do STF.

A Procuradoria também iniciou procedimento para identificar e responsabilizar a elite do movimento subversivo, em especial entre os que detêm prerrogativa de foro, caso de deputados e senadores.

A atuação do governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e do ex-secretário da Segurança Pública Anderson Torres é objeto de apuração formal, por parte da PGR, no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo.

Se desta vez for mesmo para valer o conjunto de iniciativas do órgão máximo da acusação penal no Brasil, uma série de denúncias se sucederá contra os líderes da suposta organização que tentou sabotar a democracia brasileira.

Se assim for, os processos subsequentes, no plenário da corte constitucional, prometem ser a resposta firme do regime que os incautos ousaram tentar derrubar. Aos acusados será garantido o que nenhuma ditadura oferece —o contraditório e o devido processo legal—, mas não a proteção que tiranos franqueiam a seus serviçais.

Processar, julgar e punir os que encabeçaram a aventura golpista vai afastá-los da vida pública e interromper a alimentação do monstro autoritário no Brasil.

editoriais@grupofolha.com.br

Comentário nosso

A persecução criminal contra os detentores de foro privilegiado, de deputado federal para cima, é de iniciativa de procuradores da República. Ocupantes de carreiras típica de Estado, os procuradores da República são admitidos através de concurso público e por isso tem estabilidade e independência funcional. Por isso a eles incomoda o cometimento de crimes pelos detentores do poder. Este o motivo por que, incomodados com o nível de impunidade que vinha beneficiando enquanto estava no poder, beneficiado, principalmente por um Procurador Geral nomeado por ele, justamente, para blindá-lo, veem agora a possibilidade de pôr um termo a impunidade de que o capitão gozava sem ser incomodado, e por isso, pediram a sua incriminação pelos atos que provocou em 8 de janeiro. Bolsonaro que se cuide. De um lado, uma Procuradoria Geral que parece ter acordado, de outro um STF pronto para cumprir a parte que lhe cumpre. A Procuradoria há que denunciar o que entender crime e o Supremo há de condenar onde for para condenar.  Bolsonaro e sequazes que se cuidem.

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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