(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 31/01/2023)
O Brasil e o mundo ficaram estarrecidos com a descoberta de que os índios Yanomamis estavam morrendo de fome e sem assistência médica no território que foi demarcado para sua sobrevivência.
A principio o problema foi encarado como se fosse mais um desastre administrativo do desgoverno Bolsonaro.
Coube ao escritor e jornalista cearense Lira Neto desvendar o que estava por trás do desmantelo com que eram tratados os Yanomamis durante o desgoverno Bolsonaro. No seu artigo, publicado no jornal cearense Diário do Nordeste, Lira Neto, sob o título Como Bolsonaro planejou extinguir a reserva Yanomami, mostra com uma série de fatos, devidamente comprovados, como durante todo o seu mandato de deputado federal, Bolsonaro trabalhou para acabar com a vida dos Yanomamis.
“Em 19 de outubro de 1993, uma terça-feira, em Brasília, o deputado Jair Bolsonaro, do Partido Progressista Reformador (PPR), legenda então liderada nacionalmente por Paulo Maluf, apresentou, na Câmara Federal, um projeto de decreto legislativo.
Protocolado sob o número 365, a proposição buscava tornar sem efeito um decreto presidencial, homologado no ano anterior por Fernando Collor de Mello sob recomendação da Funai, criando a reserva Yanomami” registra Lira Neto.
O projeto de Bolsonaro, que à época exercia o primeiro mandato de deputado federal, tinha apenas dois curtos artigos, visando, tão somente, extinguir a terra destinada sobrevivência daqueles índios.
“Torna sem efeito o Decreto de 25 de maio de 1992, que homologa a demarcação administrativa da terra indígena Yanomami”, dizia o primeiro deles. “Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicação, revogando as disposições em contrário”, sentenciava o segundo.
E daí para a frente, continuou insistindo em sua tentativa de eliminar os índios Yanomamis, apresentando outras propostas à medida que as anteriores eram arquivadas. Não conseguiu o seu intento até assumir a Presidência da República em 2019.
Durante o seu governo, pelo que se viu, os Yanomamis foram simplesmente desprezados. Nenhuma recomendação de órgãos públicos para cuidar dos problemas do Yanomamis foi atendida. Será coincidência isso ou simplesmente ele tentou matar por inanição os índios Yanomamis, negando-lhes toda forma de assistência?
A extinção dos Yanomamis só interessava aos milhares de mineradores e mineradoras que desde sempre exploraram as riquezas em ouro e outros minerais do território Ianomami.
Está aí, de mão beijada, mais um motivo para a Justiça condenar Bolsonaro e torná-lo inelegível. Basta mandar aprofundar as investigações sobre a situação sanitária a que chegou aquele povo indígena.
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A dimensão dos crimes contra os Yanomamis – Estadão (estadao.com.br)