Foco nos líderes

By | 03/02/2023 7:47 am

Maquinações apatetadas ocorreram sob Bolsonaro; resta apurar o papel de cada um

 

(Editorial da Folha, em 02/02/2023)

 

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) – Pedro Ladeira/Folhapress

A esta altura está claro que maquinações apatetadas de golpismo circularam em conversas sibilinas de autoridades federais ao menos desde que as urnas revelaram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência.

Não bastasse a minuta de decreto subversivo encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, veio de Valdemar Costa Neto, chefão do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, a afirmação de que documentos com teor semelhante eram lugar-comum à época.

Agora o senador Marcos do Val (Podemos-ES) afirma que houve tentativa de aliciá-lo para uma dessas “operações Tabajara”. Ela envolveria gravar conversas com o ministro Alexandre de Moraes e teria sido urdida diante do próprio Bolsonaro e do notório ex-deputado Daniel Silveira.

Nenhum dos dois é flor que se cheire, e a hipótese de estarem fabricando cortinas de fumaça para embaraçar as investigações não deveria ser descartada.

Silveira voltou para a cadeia nesta quinta (2), por razão aparentemente distinta da rocambolesca história de Do Val —violou requisitos da liberdade restrita que lhe havia sido imposta por Moraes.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) confirmou ter havido o encontro entre seu pai e a dupla de parlamentares, mas disse que não houve crime nenhum, e sim a tentativa de dissuadir outros participantes de praticar uma sandice. A PF ouviu Do Val nesta quinta.

Como se nota, há muito ainda a ser apurado, e é preciso que as autoridades policiais avancem com total segurança nesse vespeiro.

Durante os 60 dias entre o segundo turno e o fim do mandato de Bolsonaro, não resta dúvida de que a patuscada golpista correu pelos altos gabinetes do Executivo federal. Falta esclarecer o papel de cada um na chanchada.

Ainda que tenham ficado muito longe de derrubar a democracia —porque o Brasil do século 21 não admite quarteladas—, os aloprados que ocupavam posições de alta responsabilidade precisam ser investigados e processados pelos crimes que cometeram.

Identificar, condenar e afastar da vida pública os líderes do devaneio autoritário deveria galvanizar as energias da Procuradoria-Geral da República e da Justiça.

editoriais@grupofolha.com.br

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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