Nunes Marques vota contra habeas corpus para envolvida em invasão dos poderes, mas critica prisões

By | 21/02/2023 7:05 am

Para o ministro do STF, a conversão das prisões em flagrante efetuadas após o episódio em prisões preventivas exige a “identificação precisa dos responsáveis” e a “individualização de suas respectivas condutas”

Diferentemente dos outros dez ministros do Supremo, Nunes Mraques apresentou ressalvas em relação à punição sobre os atos golpistas
(Gabriel Hirabahasi e Eduardo Hahonda, na CNN em Brasília, em 20/02/2023)

O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), reforçou, em seu voto no julgamento de um habeas corpus de uma pessoa envolvida no ato golpista de 8 de janeiro, a linha de que é necessário individualizar as penas contra os vândalos que depredaram os prédios dos Três Poderes em Brasília no dia 8 de janeiro passado.

Nunes Marques também disse ser “preocupante” o que chamou de “prisões em larga escala” realizadas por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, relator da investigação contra os extremistas que depredaram o patrimônio público em Brasília.

“Neste momento processual, segundo me parece, as prisões em larga escala, realizadas de forma indiscriminada, em razão dos fatos ocorridos no dia 08/01/2023, investigados no Inquérito nº 4.879, e a extensão temporal dos encarceramentos revelam-se preocupantes e levam-me a consignar, desde logo, algumas ressalvas que considero necessárias”, afirmou o ministro.

“Por outro lado, as prisões em flagrante e a eventual conversão em prisões preventivas ou em medidas cautelares diversas da prisão exigem, necessariamente, a identificação precisa dos responsáveis pelos ilícitos criminais ocorridos no dia 08/01/2023 e a individualização de suas respectivas condutas, de modo a caracterizar o fumus comissi delicti, além da demonstração dos requisitos específicos para o deferimento da custódia cautelar”, argumentou o ministro.

O voto em questão foi proferido no julgamento de um pedido de habeas corpus por uma mulher envolvida nos ataques de 8 de janeiro. Assim como todos os outros magistrados, Nunes Marques acompanhou o relator do pedido, ministro Ricardo Lewandowski, e votou contra o habeas corpus.

Diferentemente dos outros dez ministros, porém, apresentou ressalvas em relação à punição sobre os atos golpistas. Ele foi o primeiro ministro indicado por Jair Bolsonaro (PL) para a corte.

Para Nunes Marques, a conversão das prisões em flagrante efetuadas após o episódio em prisões preventivas exige a “identificação precisa dos responsáveis” e a “individualização de suas respectivas condutas”. Em seu voto, o ministro também expressou “total e veemente repúdio” aos atos terroristas.

“Reitero, […], meu total e veemente repúdio aos atos de vandalismo contra o patrimônio público, bem assim de desrespeito e afronta aos poderes constituídos, protagonizados por inúmeros participantes do movimento ocorrido na Praça dos Três Poderes no dia 08/01/2023”, escreveu.

Ao final do voto, Nunes Marques afirmou que a prisão preventiva deve ser utilizada sempre como último recurso, e que adoção de medidas cautelares alternativas deve também ser avaliada “quando suficientes e adequadas para o caso”.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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