Sem prejuízo do reconhecimento de suas inolvidáveis qualidades – a pandemia que o diga, apenas para citar um exemplo ainda vivo na memória coletiva –, o SUS, mais de três décadas após seu advento, ainda tem deficiências que precisam ser superadas para que, de fato, todos os brasileiros tenham acesso à saúde, como lhes garante a Constituição. O subfinanciamento do sistema é a principal delas.
Se o governo Lula da Silva trabalhar bem, duas outras carências do SUS – a má distribuição de médicos pelo território nacional e a baixa oferta de serviços especializados – poderão ser supridas pelo novo programa Mais Médicos, lançado oficialmente pelo Ministério da Saúde no dia 20 passado.
De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o Mais Médicos reformulado privilegiará a contratação de médicos formados no Brasil, além de promover ações de estímulo à permanência desses profissionais em áreas remotas ou periféricas do País. Entre as políticas de retenção anunciadas estão o pagamento de bônus aos médicos que se dispuserem a trabalhar onde ninguém quer e a facilitação de ingresso em programas de especialização, com apoio de centros de excelência em medicina. Uma das razões alegadas por médicos brasileiros que desistiram do Mais Médicos era justamente a ausência de meios para sua qualificação profissional.
Em uma segunda fase, o novo Mais Médicos também promoverá a presença de especialistas em pontos remotos ou periféricos do País. A Medicina de Família e Comunidade, sem dúvida, é uma especialidade relevantíssima, mas, por óbvio, não dá conta de cobrir a miríade de serviços de saúde necessários nessas localidades.
Tal como foi apresentado, o novo Mais Médicos traz avanços significativos em relação ao modelo original do programa, lançado por Dilma Rousseff em 2013. Àquela época, o foco não era atrair brasileiros, era povoar os rincões do País com médicos cubanos. Pouco importava se esses profissionais tinham condições para exercer a medicina, menos ainda o tratamento que recebiam da ditadura de Cuba, interessada no acordo com o governo brasileiro como fonte de financiamento de seu regime de exceção.
A falta de médicos deixou de ser um problema entre nós há tempos. Hoje, o País tem médicos em proporção similar à de países desenvolvidos, como EUA e Canadá (cerca de 2,6 por mil habitantes). O desafio é estimular esses profissionais a não se concentrar nos grandes centros e ir cuidar dos cidadãos que têm sido esquecidos nos rincões do Brasil.
Comentário nosso
O Governo poderia dar uma proposta aos médicos que devem ao FIESP. Pagar-lhes uma remuneração atrativa e dispensar a prestação mensal do FIESP. (LGLM)