Mais médicos onde eles são necessários (seguido de comentário nosso)

By | 23/03/2023 7:35 am

Não faltam médicos. Desafio é estimulá-los a ir cuidar dos cidadãos há muito esquecidos nos rincões do Brasil

(OPINIÃO DO ESTADÃO, em editorial de 23/03/2023)

 

Imagem ex-libris

A Constituição de 1988 trouxe avanços em muitas áreas, mas em poucas representou um salto civilizatório como na área da saúde. Até a sua promulgação, os serviços de saúde eram tratados no País sob a lógica mercantil, vale dizer, eram vistos como produtos – aos quais, evidentemente, a maioria da população não tinha acesso. Ao passar a tratar a saúde como direito de todos e dever do Estado (art. 196), a Constituição promoveu uma revolução no setor. Dois anos depois, esse primado humanista se materializou na criação do Sistema Único de Saúde (SUS).

Sem prejuízo do reconhecimento de suas inolvidáveis qualidades – a pandemia que o diga, apenas para citar um exemplo ainda vivo na memória coletiva –, o SUS, mais de três décadas após seu advento, ainda tem deficiências que precisam ser superadas para que, de fato, todos os brasileiros tenham acesso à saúde, como lhes garante a Constituição. O subfinanciamento do sistema é a principal delas.

Se o governo Lula da Silva trabalhar bem, duas outras carências do SUS – a má distribuição de médicos pelo território nacional e a baixa oferta de serviços especializados – poderão ser supridas pelo novo programa Mais Médicos, lançado oficialmente pelo Ministério da Saúde no dia 20 passado.

De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o Mais Médicos reformulado privilegiará a contratação de médicos formados no Brasil, além de promover ações de estímulo à permanência desses profissionais em áreas remotas ou periféricas do País. Entre as políticas de retenção anunciadas estão o pagamento de bônus aos médicos que se dispuserem a trabalhar onde ninguém quer e a facilitação de ingresso em programas de especialização, com apoio de centros de excelência em medicina. Uma das razões alegadas por médicos brasileiros que desistiram do Mais Médicos era justamente a ausência de meios para sua qualificação profissional.

Em uma segunda fase, o novo Mais Médicos também promoverá a presença de especialistas em pontos remotos ou periféricos do País. A Medicina de Família e Comunidade, sem dúvida, é uma especialidade relevantíssima, mas, por óbvio, não dá conta de cobrir a miríade de serviços de saúde necessários nessas localidades.

Tal como foi apresentado, o novo Mais Médicos traz avanços significativos em relação ao modelo original do programa, lançado por Dilma Rousseff em 2013. Àquela época, o foco não era atrair brasileiros, era povoar os rincões do País com médicos cubanos. Pouco importava se esses profissionais tinham condições para exercer a medicina, menos ainda o tratamento que recebiam da ditadura de Cuba, interessada no acordo com o governo brasileiro como fonte de financiamento de seu regime de exceção.

A falta de médicos deixou de ser um problema entre nós há tempos. Hoje, o País tem médicos em proporção similar à de países desenvolvidos, como EUA e Canadá (cerca de 2,6 por mil habitantes). O desafio é estimular esses profissionais a não se concentrar nos grandes centros e ir cuidar dos cidadãos que têm sido esquecidos nos rincões do Brasil.

 

Comentário nosso

O Governo poderia dar uma proposta aos médicos que devem ao FIESP. Pagar-lhes uma remuneração atrativa e dispensar a prestação mensal do FIESP. (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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