Do lado de Lula, o assunto foi economia e futuro; no de Bolsonaro, colares, relógios e diamantes

By | 31/03/2023 8:26 am

O anúncio da nova âncora fiscal é considerado um sucesso, já a volta do ex-presidente virou um grande fiasco

 

(COLUNA de Eliane Cantanhêde, no Estadão, em 31/03/2023)

 

Foto do autor: Eliane CantanhêdeLula deu seu maior lance justamente no dia da volta, chocha, vamos convir, do antecessor Jair Bolsonaro ao Brasil. O anúncio da nova âncora fiscal é considerado um sucesso, já a volta de Bolsonaro virou um grande fiasco, sem público, emoção e nada que reluzisse, além dos diamantes da Arábia Saudita. Do lado de Lula, o assunto era o futuro e a economia. Do bolsonarista, só se falava em colares, relógios e canetas cravejadas de brilhantes.

O pacote fiscal, aprovado por Lula, exposto para as cúpulas da Câmara e do Senado e detalhado ao vivo pelo ministro Fernando Haddadfoi bem recebido no mercado, no Congresso e entre economistas de diferentes correntes. Agradou. As Bolsas subiram, o dólar caiu e a melhor aposta é de que será aprovado no Legislativo. Resta saber em quanto tempo e com quantas e quais modificações.

Cauteloso, até por temperamento, mas não só por isso, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, elogiou o esforço da equipe de Haddad e disse que gostou do que viu, mas espera um plano pronto e acabado antes de dar uma posição final. Foi no limite, mas acolhedor. Dali não se espere uma oposição irascível.

Uma curiosidade no lançamento foi que o petista Haddad falou de economia, a liberal Simone Tebet prestigiou o social. Ele fez uma exposição sobre o espírito do pacote e as metas econômicas, ela defendeu a flexibilização que garante o discurso social de Lula e as políticas públicas deixadas de lado “nos últimos seis anos” (ou seja, a emedebista incluiu o governo Temer).

A grande mudança do pacote é que o teto de gastos deixa de ser vinculado à inflação e passa a ser à arrecadação, com destaque para investimentos, exceção para educação e piso de enfermeiros e flexibilidade, com travas e bandas, para excepcionalidades que surjam.

Como Haddad já me havia dito, e agora recheou com números, o plano inverte a lógica, com uma regra anticíclica: com arrecadação acima das previsões, o aumento do gasto será, no máximo, de 2,6% da inflação; com arrecadação abaixo, o gasto não poderá crescer menos do que 0,6%. Sem gastança nas vacas gordas e pindaíba nas magras. As sobras irão para investimentos.

Haddad é o grande vencedor, como na PEC da transição e na reoneração dos combustíveis, mas a guerra continua. O pacote precisa passar pelo Congresso sem ser desfigurado e depois vem a reforma tributária, contra o “patrimonialismo” e os “jabutis” do sistema tributário, camarada com os muitíssimo ricos e cruel com os mais pobres. Como diz o ministro, a regra é só um começo e tudo isso é um processo, um longo processo.

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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