Os jovens nunca foram tão preciosos

By | 30/06/2023 7:51 am

Censo aponta para o envelhecimento acelerado da população. Ou se dá agora atenção à formação de jovens mais conscientes e produtivos ou o País estará condenado à mediocridade

 

 

Imagem ex-libris

De acordo com o Censo, a população brasileira é, aproximadamente, 5% menor do que se supunha. Somos 203,1 milhões de habitantes, ante os 214 milhões projetados há cinco anos pelo IBGE para 2022. Mais preocupante, contudo, é o estreitamento agudo do chamado bônus demográfico, cenário em que a população em idade economicamente ativa supera o número de crianças e idosos. A taxa média de crescimento anual da população registrada pelo IBGE entre 2010 e 2022 foi de apenas 0,52%. Trata-se do menor patamar em 150 anos de história de levantamentos censitários regulares no País e a primeira vez que o indicador fica abaixo de 1%. O dado aponta para a prevalência dos idosos (indivíduos com 60 anos ou mais) sobre as crianças e jovens antes de 2030, contrariando outra projeção de especialistas.

Pesquisadores de várias áreas, sobretudo os demógrafos, ainda estão debruçados sobre os dados do Censo recém-divulgados, de modo que esse recuo acentuado da taxa de crescimento populacional anual ainda carece de conclusões mais elaboradas e definitivas. Mas é consensual o diagnóstico de que a população brasileira está envelhecendo mais rápido do que o esperado e algo precisa ser feito já para aumentar as perspectivas de futuro para um segmento da população, as gerações mais jovens, que está em franca diminuição. Como disse ao Estadão o demógrafo José Eustáquio Diniz, ex-professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence) do IBGE, “não há experiência histórica de um país que antes envelheceu e depois enriqueceu”.

Esse “algo” a ser feito não é mistério nem tampouco requer uma fórmula mágica que haveria de ser concebida de uma hora para outra por especialistas desesperados com a dimensão do desafio que se posta diante do País. A solução é há muito conhecida: elevar o desenvolvimento da educação pública à condição de prioridade nacional. Não como discurso, tal como tem sido há décadas, mas como consenso acima de quaisquer disputas político-ideológicas, um ponto de união da Nação que se traduza em políticas de Estado, não apenas de governos, muito bem formuladas e implementadas.

Talvez por não terem voz direta no debate público e, principalmente, por não votarem, os interesses das crianças brasileiras, em particular nos estratos mais vulneráveis da população, têm sido criminosa e renitentemente negligenciados há muito tempo. Os jovens podem votar a partir dos 16 anos, mas também têm sido esquecidos, como se fossem cidadãos de segunda classe. Não surpreende que muitos manifestem, ano após ano, o desejo de sair do País se as condições para isso lhes forem dadas. O “Brasil do futuro” não passará de uma ideia que se esvai no tempo enquanto governo e sociedade não abraçarem esses brasileiros.

Há uma nova janela de oportunidade, talvez a última. Malgrado o fato de o País ter uma população cada vez mais velha, há, consequentemente, menor pressão sobre o sistema público de ensino. Não é necessário mais dinheiro para aprimorá-lo, como já dissemos nesta página, mas sim mais inteligência e responsabilidade na formulação de políticas públicas de educação que formem cidadãos mais conscientes e profissionais mais produtivos.

Se o entusiasmo, o esforço e a fé desses jovens já eram determinantes para o desenvolvimento do Brasil, agora mais ainda. É preciso cuidar deles e garantir que não se sintam traídos por uma pátria que lhes vira as costas.

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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