Bastidor: Bolsonaro “chutou” quem não lhe servia mais e vai ser abandonado na beira do precipício

By | 21/08/2023 7:42 am

Na política, alguns gestos não têm perdão entre os pares e o ex-presidente está prestes a descobrir isso

(Roseann Kennedy, Coluna do Estadão, em 21/08/2023)

Foto do autor: Coluna do EstadãoSe tem algo que marca a postura de Jair Bolsonaro (PL-RJ) é que ele nunca hesitou em “chutar para fora de seu círculo” quem não lhe servia mais. Agora, o ex-presidente está prestes a descobrir que esse tipo de atitude não tem perdão entre os pares na política e que está a passos de viver o mesmo abandono.

O histórico de Bolsonaro com seus aliados passou a ser lembrado, de forma veemente na última semana, em conversas de integrantes do PP e do Republicanos, partidos que estavam em sua campanha em 2022, mas agora negociam a entrada no governo Lula. As observações ganharam força, diante do agravamento das denúncias contra o ex-presidente no caso das joias e com as declarações do hacker Walter Delgatti à CPMI do 8 de Janeiro; da quebra de sigilos dele e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, além do temor maior entre os bolsonaristas de que “o capitão” seja preso.

“Bolsonaro não foi fiel nem a Tarcísio (de Freitas). Levantou as hostilidades ao governador na reunião do PL sobre a reforma tributária e o chamou de inexperiente”, destacou uma liderança partidária de forte influência no grupo de Tarcísio em São Paulo. “O primeiro que foi desprezado por Bolsonaro foi Gustavo Bebianno, e um dos casos mais recentes é o da deputada Carla Zambelli”, complementou.
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) 18-08-2023
Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) 18-08-2023 Foto: WILTON JUNIOR

Gustavo Bebianno foi coordenador da campanha de 2018 de Bolsonaro, presidiu o PSL e foi o primeiro ministro demitido pelo ex-presidente em 2019, em meio às denúncias de candidaturas laranja na sigla. A exoneração foi marcada por tensão e troca de ofensas no núcleo bolsonarista. E Bebianno teria desabafado na ocasião: “não se dá um tiro na nuca do seu próprio soldado… É preciso ter o mínimo de consideração com quem esteve ao lado dele o tempo todo”. O ex-secretário-geral da Presidência de Bolsonaro morreu em 2020, vítima de um infarto.

Sobre a deputada federal Carla Zambelli, o próprio Bolsonaro fez questão de ressaltar que a ignora e não atende nem seus telefonemas. O bolsonarismo credita à parlamentar a derrota eleitoral do ex-presidente, por causa do episódio nas eleições em que ela estava armada e perseguiu um eleitor. A parlamentar era um dos quadros mais fieis ao ex-presidente.

“Agora Bolsonaro quer que todos o abracem e corram o risco de cair com ele do precipício, não há essa chance. Política é sobrevivência”, ressalta uma liderança do Congresso.

Esses interlocutores políticos dão como certo que o movimento do abandono vai se consolidar se eventualmente Bolsonaro for preso. A aposta é de que só ficarão ao lado dele os apoiadores mais radicais. Isso representaria no máximo 30% dentro das siglas que estavam na aliança presidencial. “Até mesmo o PL, podem esperar, está só esperando o momento de ir poder pular do barco”, aposta.

Como revelou a Coluna, o ex-presidente já é visto como um “pato manco”, na própria sigla. O partido de Valdemar Costa Neto tem preocupação interna e deixa claro que não há chances de Bolsonaro fazer com o PL o mesmo esfacelamento que provocou no PSL.

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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