Nota do CFM e da ABP sobre a descriminalização da maconha presta desserviço à sociedade ao ir contra a ciência (seguido de comentário nosso)

By | 21/08/2023 6:11 pm

(Lygia Maria, Mestre em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP,na Folha, em 20/08/2023)
Lygia MariaÉ espantosa —para não dizer vergonhosa— a nota divulgada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) contra a descriminalização da maconha no Brasil.

O texto começa dizendo que a planta “causa dependência gravíssima”. Mas inúmeras pesquisas mostram que a cannabis é uma das drogas que menos predispõem ao vício.

Artigo da própria ABP, de 2002, reproduz dados dessas pesquisas e aponta que o risco de usuários de maconha desenvolverem dependência é de 10%, enquanto o álcool tem índice de 15%, opioides, 23%, e tabaco, 32%. Se, para o CFM, a dependência em maconha é “gravíssima”, não sei qual adjetivo a entidade usaria para a descrever heroína ou nicotina —essa última, como se sabe, é legalizada e vendida na padaria da esquina, assim como álcool.

Processo de fabricação dos produtos à base de cannabis da Abrace-Esperança, associação com autorização judicial para o cultivo e extração do canabidiol
Processo de fabricação dos produtos à base de cannabis da Abrace-Esperança, associação com autorização judicial para o cultivo e extração do canabidiol – Adriano Vizoni-26.set.2019/Folhapress

A nota afirma ainda que a descriminalização “amplia o poder do tráfico, contribuindo para maiores índices de violência”. Contudo, em “Análise econômica da proibição das drogas”, Mark Thornton revela, a partir de revisão de pesquisas, que a legalização mina o tráfico, já que baixa preços, abre concorrência com produtos de melhor qualidade e retira as armas das negociações.

Segundo o CFM e a ABP, só países que agiram com maior rigor contra as drogas conseguiram diminuir consumo, dependência e violência. Pasmem: o combate ao tabagismo é citado como exemplo.
Ora, mas o tabaco nunca foi proibido. A comparação não faz sentido; ou melhor, até faz: mostra que a legalização é a melhor política pública para lidar com a maconha, ao regulamentar produção e consumo e retirar o tráfico da equação.

Comentário nosso

Existe muita má-fé nesta nota do Conselho Federal de Medicina e da Associação Brasileira de Psiquiatria. O álcool vicia mais do que a maconha e o cigarro três vezes mais e você compra o9 dois em toda esquina. O STF apenas está definindo qual a quantidade que pode ser conduzida pelo simples usuário, para evitar que as cadeias continuem cheios de meros usuários da maconha. Talvez o uisque que muitos médicos tomam lhes faça mais mal do que um simples cigarrinho de maconha. E hoje só pobre é que usa maconha. Rico usa cocaína e outras drogas mais pesadas. Graças a Deus não sou viciado em álcool nem em maconha. Raramente fumo, cachimbo ou charuto, e não trago, uma das razões para não apreciar a maconha. Não conheço nem o cheiro. Uma cachacinha de vez, em quando, mas nunca passo da segunda dose. Um cálice de um licorzinho digestivo. Ou aquela taça de vinho para o coração. (LGLM)

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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