(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, divulgado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 22/08/2023)
Temos acompanhado de perto pela imprensa a discussão sobre o crédito rotativo, de que falei aqui a semana passada. Tem inúmeros interesses por trás dele que tornam a discussão um verdadeiro saco de gatos.
Autoridades do Governo querem controlar o crédito rotativo porque ele mexe com as taxas de juros de modo geral e termina impactando a inflação. Então há interesse do Governo em reduzir as taxas cobradas através dele.
Os comerciantes de pequeno porte que utilizam cartões de crédito para fazer suas vendas se preocupam com uma mexida no crédito rotativo, temendo que a empresas de cartões cortem o crédito de seus clientes e com isso diminuam as suas vendas.
As empresas de cartões de crédito temem perder dinheiro com uma redução das altas taxas que cobram pelo crédito rotativo.
A grandes empresas como Carrefour, Assaí, Amazon, Mercado Livre e outras que faturam mais com os juros que cobram do que com o produto que vendam também estão preocupadas com essa possível mexida no crédito rotativo.
Ou seja, todos brigando por seus próprios interesses e nós pobres e sacrificados consumidores estamos metidos neste fogo cruzado.
O Governo talvez não tenha coragem de enfrentar os grandes empresários e quem vai terminar pagando a conta somos nós.
O Governo termina adotando um meio termo que mascare os juros, que contente ao grande empresariado e resta a nós pagarmos a conta.
A única saída para amenizarmos o nosso prejuízo é termos cuidado para administrar os nossos cartões de crédito. Primeiro, pensarmos duas vezes antes de fazer uma compra. Só usarmos o cartão de crédito para fazer uma compra imprescindível.
Se tivermos que comprar, tentarmos pagar todo mês a mensalidade correspondente à fatura do cartão de crédito. Se por acaso, ficarmos sem condições de pagar o cartão integralmente num mês, procuremos reorganizar o nosso orçamento, para podermos quitar todo mês a fatura total.
E como medida de precaução, pararmos de fazer compra no cartão, assim que ficarmos sem condições de pagar as parcelas mensais que devemos dos nossos cartões.
O cartão de crédito é muito bom, “quebra muitos galhos” e permite que compremos a prazo o que não poderíamos comprar à vista, mas isto funciona quando a gente tem condições de pagar integralmente a fatura de cada mês. Quando começamos a acumular débito em cima de débito, juro em cima de juro, nós entramos num círculo vicioso de que é difícil sair.
Só nos resta nos conscientizarmos disto. Cartão de crédito é muito bom, mas temos que usá-lo com cuidado.