Delação de Cid levou PF ao coração do golpismo (com comentário nosso)

By | 08/02/2024 5:57 pm

Operação atinge alto escalão de uma máquina que atuou para interferir no processo democrático

(Bruno Boghossian, Jornalista da Folha, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA). Em 08/02/2024)

Os alvos da operação da Polícia Federal nesta quinta-feira (8) foram alguns dos principais integrantes dessa conspiração, liderada de maneira pouco discreta por Bolsonaro. Ainda que houvesse barulho em público, a revelação dos detalhes do envolvimento de cada personagem dependeu de uma testemunha com acesso privilegiado à trama golpista.

A delação do coronel Mauro Cid, auxiliar inseparável de Bolsonaro, abasteceu a ação da PF contra a cúpula da organização. Foi o ajudante de ordens o autor de depoimentos sobre a atuação direta do então presidente e de outros dois nomes-chave: o ex-assessor Filipe Martins e o almirante Almir Garnier dos Santos.

Cid revelou episódios que deram materialidade ao complô e derrubaram a versão de que a tentativa de golpe era um delírio de vovós e militantes amalucados. Segundo o coronel, após a derrota na reeleição, Martins levou ao presidente a minuta de um decreto para segurar Bolsonaro no poder, convocar novas eleições e prender autoridades.

Além dos personagens delatados por Cid, a ação da PF chegou a personagens que deram respaldo institucional à trama. Ali estavam o general Walter Braga Netto, que inaugurou a instrumentalização do Ministério da Defesa para detonar a credibilidade das urnas eletrônicas, e Valdemar Costa Neto, que usou o PL como veículo para contestar a votação.

A operação atingiu o alto escalão de uma máquina que usou recursos políticos e militares para interferir no processo democrático.

Comentário nosso

E ainda há quem ache que isso é revanchismo político e que não devia estar sendo objeto de apuração. Uma tentativa escancarada de dar um golpe militar que manteria no poder o que de mais irresponsável políticamente alcançou o poder neste já tão escrachado país. O golpe militar de 1964, que depois degenerou, na sua deflagração tinha alguns motivos até defensáveis e foi conduzido por pessoas decentes. O golpe articulado em 2022 manteria no poder a escória da política e as vivandeiras de quartéis. Podemos até não estarmos nas condições ideais, mas escapamos por um triz de entrarmos numa situação calamitosa! (LGLM)

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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