Palavras de Lula não conquistam casas no tabuleiro da guerra, e oposição se resume a reações desonestas e um ‘perdido de impeachment’
Presidentes têm uma latitude que é vedada aos diplomatas. Costumam ser ideologicamente seletivos em comentários sobre parceiros e adversários, dispensam coerência em posicionamentos públicos, surfam nas ondas de suas bases políticas e exageram no barulho para ganhar atenção em debates internacionais.
As palavras de Lula sobre a campanha israelense em Gaza e sua repercussão provam que é preciso ter habilidade até na hora de fazer barulho.
O argumento de que o petista teve coragem para manifestar indignação e ampliar as cobranças por um cessar-fogo diz muito sobre a maneira como aliados e apoiadores enxergam o presidente e nada sobre o esforço que ainda é necessário para tirar da inércia a máquina global que sustenta a guerra.
A reação desonesta de Israel mostra que Netanyahu explora a crise como propaganda. Depois que o governo acusou Lula de negar o Holocausto, algo que o petista não fez, o chanceler Mauro Vieira (um diplomata, não um político) disse que o país lança “uma cortina de fumaça” para encobrir o massacre em Gaza.
Já a oposição brasileira, capitaneada pelos melhores líderes bolsonaristas, busca um estardalhaço próprio com um tradicional “perdido de impeachment”: sem causa legal, sem votos em plenário e sem nenhuma razão de ser além da algazarra.