Comerciante durante muitos anos com a loja de calçados e artigos esportivos, a Exposição, em frente à Catedral da Guia, Araújo foi na juventude um dos maiores craques do futebol nordestino. Nascido em Campina Grande em 14 de fevereiro de 1924. Chegou a Patos com cerca de doze anos e batia bola no campo do antigo Grupo Escolar Rio Branco, onde hoje fica o Fórum Miguel Sátiro, escola onde estudava. Em 1938, chamou a atenção do diretor do Ginásio Diocesano de Patos que o levou para estudar naquele colégio, onde estudava de graça. Em 1945, enquanto servia ao Exército em Campina Grande jogou várias partidas pelo Treze. De volta a Patos em 1946, participou de uma partida em que a seleção de Patos ganhou do Santa Cruz de Recife, por cinco a quatro, tendo Araújo marcado os cinco gols da seleção local. O desempenho chamou a atenção da diretoria do Santa Cruz que o levou para jogar em Recife, tendo sido campeão pernambucano em 1947, jogando pelo tricolor do Arruda. De Recife foi contratado pelo Esporte Clube Bahia, time pelo qual foi campeão em 1948. Da Bahia voltou para a Paraíba, voltando a atuar pelo Treze, time pelo qual foi campeão paraibano várias vezes. Em Campina Grande ainda hoje é lembrado como um dos maiores craques paraibanos de todos os tempos. Em 1953, Araújo voltou definitivamente para Patos, onde exercia a profissão de alfaiate e jogava pelo Esporte Clube de Patos. Em Patos muitas vezes foi procurado pelos dirigentes dos mais diversos clubes para defender suas cores em partidas importantes, sendo levado até de avião, que muitas vezes, Araújo, exímio piloto, chegou a pilotar. Era muito frequente ser levado para Campina Grande, onde os trezeanos o idolatravam e faziam questão de vê-lo jogar pelo seu time, mesmo sem contrato profissional. Da alfaiataria, Araújo passou ao comércio de calçados e material esportivo, época em que já casado com Dona Edite Leite, filha de Pedro Izidro, resolvera deixar os riscos do futebol para se dedicar por mais tempo à família. Para não perder o pique continuava a participar das partidas locais do Esporte de Patos, de cuja torcida era um verdadeiro ídolo, jogando no campo do Ginásio Diocesano que o revelara para o estrelato. Araújo ainda batia bola nas peladas do Campestre Clube até uns dez anos atrás. Eu ainda tive o prazer de vê-lo jogar no campo do Ginásio em partidas amistosas no início da década de sessenta. Como comerciante era de uma integridade a toda prova. Nos meus tempos de adolescente comprei vários sapatos em sua a Exposição. Era lendário o seu preço fixo. Não adiantava “pedir menos” pois o preço dele era fixo e não tinha nenhuma intenção de enganar os clientes, como dizia. Participou de todos os movimentos sociais, esportivos, empresariais dos últimos cinqüenta anos, sendo uma referência pela sua integridade. Homem simples, nunca renegou suas amizades de campo de futebol, fosse um médico, um comerciante ou cidadão comum. Até os ex-companheiros de jogos e peladas que decaíram na bebida, recebiam dele uma palavra de estímulo e de carinho. Identificado com a cidade de Patos, só deixou amigos e admiradores. Do seu casamento com dona Edite Leite, nasceram quatro filhos: Marcos Araújo (várias vezes secretário de Educação do Município), Marconi Araújo (um grande artista que faleceu relativamente novo), Paulo de Tarso e Tarsiana. Todos formados e bem casados. Marcos e Marconi foram meus alunos no antigo Colégio Estadual de Patos. Marcos, meu velho amigo, herdou a integridade e seriedade do pai. Marconi era o artista da família. Com os demais não tenho maior aproximação. Infelizmente, nenhum deles herdou do pai as qualidades de um grande jogador de futebol. Completo sob todos os aspectos. Um dos maiores orgulhos de Araújo era nunca ter sido expulso de um campo de futebol. Coisa raríssima, hoje como ontem, principalmente, para quem, como ele brigava, dentro da grande área, enfrentando os mais viris zagueiros do futebol nordestino. No último dia 14 de fevereiro completou cem anos do nascimento deste grande cidadão e nome maior do nosso futebol.