Atenção aposentados do INSS – Previdência já demanda uma nova reforma (confira comentário nosso)

By | 06/05/2024 7:19 am
Imagem ex-librisEm defesa da reoneração da folha de pagamento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cobrou do Congresso responsabilidade para não prejudicar a Previdência Social. Segundo ele, se o Legislativo abrir mão dessas receitas, o País terá de aprovar outra reforma em três ou cinco anos. “Não dá para brincar com essas coisas”, afirmou. O ministro tem razão. De fato, a sociedade terá de discutir regras mais duras para as aposentadorias muito em breve. A desoneração, no entanto, não é a maior nem a única culpada pelo problema.

Aprovada em 2019, a última reforma da Previdência gerou uma economia de R$ 156,1 bilhões para o sistema até 2022, quase 80% a mais do que o governo havia estimado à época, segundo o consultor legislativo Leonardo Rolim, ex-secretário da área e ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Entre as mudanças, o texto estabeleceu uma idade mínima de aposentadoria para homens e mulheres, bem como um tempo de contribuição mínimo para garantir o benefício. As regras estabilizaram o déficit do sistema até o fim da década de 2030, segundo o Banco Mundial, mas já se sabia que as mudanças demográficas exigiriam novos ajustes ao longo dos anos seguintes.

Estudos recentes têm mostrado aspectos preocupantes para a sustentabilidade do sistema previdenciário no médio e no longo prazos. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que o País hoje tem 1,97 contribuinte para cada segurado e até 2051 terá mais beneficiários do que pessoas contribuindo com o sistema. Nesse cenário, a alíquota necessária para cobrir todos os custos do sistema teria de superar os 70% em 2060.

Além do envelhecimento populacional e da redução da taxa de fecundidade, que ocorre em boa parte dos países do mundo, fatores específicos da realidade brasileira explicam esse desequilíbrio. Os autores do estudo, Graziela Ansiliero e Rogério Nagamine, também ex-secretário do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), mencionaram a informalidade, o desemprego e o número de pessoas inativas e fora do mercado de trabalho.

Há algumas soluções, ainda que impopulares, para atenuar o problema. Artigo publicado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) recomenda a equiparação da idade mínima de aposentadoria para homens e mulheres. Otávio Sidone, Fabio Giambiagi e Guilherme Tinoco calculam que a mudança economizaria R$ 1,5 trilhão em despesas nos próximos 30 anos.

Completamente avesso a reformas, o governo Lula da Silva poderia ao menos contribuir para não piorar o desequilíbrio do sistema. Mas não é o que tem ocorrido. A aprovação da política permanente de valorização do salário mínimo – piso ao qual os benefícios previdenciários e assistenciais estão vinculados – pode ter anulado metade da economia da reforma de 2019, segundo Giambiagi informou em recente coluna no Estadão.

Dois terços das aposentadorias e pensões pagas pelo INSS serão reajustados pela inflação do ano anterior, mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Trata-se de uma regra totalmente incompatível com o arcabouço fiscal, que restringe o aumento das despesas a 70% da alta das receitas.

Pior: na hipótese de o País retomar um crescimento econômico mais vigoroso, a política de valorização permanente do salário mínimo fará com que os gastos previdenciários ultrapassem o limite de despesas estabelecido pela nova âncora ainda mais rapidamente. Não se viu, no entanto, qualquer crítica ou ponderação por parte do ministro Haddad quando a medida era discutida e aprovada pelo Congresso. Afinal, foi uma iniciativa do presidente Lula da Silva e uma promessa de campanha do petista.

Seria fácil se todos os problemas da Previdência Social se resumissem à desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia e dos municípios. Mas há muitas outras questões a serem discutidas para impedir o colapso das contas públicas, garantir a sustentabilidade da Previdência Social e assegurar a proteção de todos os seus segurados no futuro. Nada indica que serão enfrentadas por este governo.

Comentário nosso

Enquanto o Senado zomba dos aposentados, reativando a desoneração da Folha que só beneficia as empresas, a redução das receitas destinadas ao INSS aumenta o rombo da Previdência e para tapar o roubo deve vir por aí outra Reforma da Previdência. O Senado atira com a pólvora alheia. Cria benefício para o empresários e quem vai pagar a conta é você segurado do INSS. Reforma da Previdência torna sempre mais difícil a aposentadoria para os trabalhadores, aumentando o tempo de serviço necessário para se aposentar, ao mesmo tempo que impedir aumentos maiores do benefício para controlar as despesas da Previdência. (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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