Alice Ferraz: O tesouro paraibano que foi parar na Tiffany, em Nova York

By | 17/06/2024 6:11 am

 

A Paraíba é o lugar com a maior mina dessa pedra no mundo inteiro, mas poucas pessoas sabem sua real origem

(Alice Ferraz, jornalista de moda do Estadão, em 15/06/2024)

Ilustração para coluna de Alice Ferraz

Ilustração para coluna de Alice Ferraz Foto: Juliana Azevedo/Divulgação

Acredito que cada lugar guarda uma vocação. Existem aqueles que seguem essa disposição natural e, assim, parecem conseguir abraçar o propósito de sua existência. E foi assim que entendi a extraordinária vocação da Paraíba para gerar beleza, depois de uma viagem ao seu sertão profundo, mais precisamente a uma mina de uma pedra semipreciosa chamada amazonita.

A amazonita tem sua única mina de grandes dimensões no Brasil, uma terra que produz os maiores cristais dessa pedra já encontrados no mundo. A explicação técnica dos geólogos diz que o ambiente excepcional para formar tal raridade é composto de altas profundidades, com temperaturas também altas e uma cristalização lenta, durante anos.

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A imagem dessa pedra ficou conhecida por ter sido escolhida para cobrir as paredes da joalheria Tiffany pelo mundo e foi nomeada, então, como amazonita azul Tiffany, ou seja, nossa amazonita brasileiríssima ganhou sobrenome internacional. Mas a história não termina aí: poucos dos milhares de clientes que visitam o disputado espaço Blue Box Café, na famosa Quinta Avenida em Nova York, sabem que a impressionante pedra tem origem no sertão do Nordeste brasileiro. Como eu disse, seguir a vocação da beleza foi natural para a Paraíba, mas o dom da comunicação certamente terá de ser trabalhado.

O Estado brasileiro que gera tanta beleza ficou encoberto como mero fornecedor e a pedra, ao longo do caminho, perdeu o “crédito” de sua procedência. Concluí, com desespero, que a Paraíba sabe gestar e dar vida ao belo, mas não se dá o crédito pela beleza gerada. Mas culpar a Paraíba sozinha? Não será essa uma característica de todo o Brasil? Termos sido colonizados nos envolveu em uma crença de menos-valia e assim enxergamos como natural entregar nossas riquezas para o mundo sem a nossa assinatura, sem nosso nome bem grande escrito: MADE IN BRAZIL.

Outro ponto de fundamental atenção é como extraímos a beleza do nosso solo, o mais rico em diversidade geológica do mundo, segundo especialistas. Como valorizamos esse processo e cuidamos dele para que esteja alinhado a uma política rígida de sustentabilidade e de preservação ambiental.

Isso também faz parte do nosso próprio reconhecimento a respeito das riquezas do Brasil.

(Colaboração de meu compadre Carlos Coutinho, aposentado do BB)

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Category: Estaduais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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