Investigações em curso dão conta de que as empresas de aposta online vêm contribuindo para esquemas de lavagem de dinheiro, incluindo de facções criminosas
(Celso Ming, Jornalista e comentarista de economia, no Estadão, em 28/09/2024)
Essas casas de apostas faturaram cerca de R$ 100 bilhões em 2023, dinheirama que foi desviada do consumo e dos investimentos. Celebridades são contratadas por milhões de reais para fazer publicidade, camuflada por apelos “a apostas com responsabilidade”, eventos, times de futebol e programas de TV estampam as marcas dessas bets.
As distorções produzidas por essa modalidade de jogatina online vêm sendo denunciadas por analistas. Nunca será demais insistir na reivindicação de que se reveja a atual regulamentação tão perniciosa.
Esta Coluna se volta para focar em outra atividade criminosa difundida por essas bets. Trata-se da lavagem de dinheiro, que produz sérias consequências sobre a vida política e sobre a arrecadação. Não há estatísticas confiáveis sobre quanto as bets concorrem para com essas práticas. Mas há fatos e há indícios suficientemente alarmantes de que vão adquirindo grandes proporções.
O cantor Gusttavo Lima, proprietário de 25% de uma casa de apostas online, está sendo acusado de lavagem de dinheiro e de conivência com a bandidagem. Também se multiplicam informações de que organizações criminosas, como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), vêm usando as bets para lavar dinheiro do tráfico e financiar suas atividades.
Essas atividades a gente já sabe quais são. Além de espalhar o tráfico de drogas, dedicam-se ao aliciamento de políticos, a “convencer” juízes e a promover lobbies que aprovem leis do seu interesse nas três instâncias de governo para controlar a máquina pública, como a dos transportes coletivos na cidade de São Paulo, da qual arrancam mais recursos para seus objetivos.
Essas bets não atuam apenas para corroer o poder aquisitivo da população vulnerável e empurrá-la para uma vida mais miserável. Concorrem para o fortalecimento do poder paralelo que, além de quebrar o monopólio da força, prerrogativa do Estado, trabalha para minar a capacidade de governança.
As casas de apostas online foram legalizadas em 2018, no governo Temer, mas a regulamentação só foi sancionada no início de 2024 – mais para saciar a fome arrecadatória do governo Lula do que para organizar o segmento. Um dos argumentos mais usados para justificar a nova lei foi o de que contribuiria para aumentar a arrecadação em pelo menos R$ 3 bilhões por ano. Ora, entre os efeitos pretendidos pela lavagem de dinheiro está o de sonegar impostos.
O temor é o de que o alastramento dessa febre aumente a inadimplência, que hoje atinge mais de 25% das famílias brasileiras e, em consequência, eleve os custos do crédito.
Comentário nosso – Além de corroer as economias das faixas mais sacrificadas financeiramente da população, os jogos online estão levando muita gene ao desespero com as dívidas contraída e praticando do suicidio ao assassinado de parentes, o que vem sendo mostrado diariamente pelo noticiário. Os empresários só pensam nos lucros, o Governo no imposto que arrecada e os bandidos nas facilidades para lavarem o dinheiro mal adquirido. Resta à população chorar pelos prejuízos. Na realidade joga quem quer. Mas a lei deve destinar estes jogos para quem pode e sempre de olho na bandidagem. (LGLM)