Eles querem sempre mais (confira comentário nosso)

By | 12/10/2024 7:20 am

Não há razão para que STF e Congresso discutam a volta das doações de empresas a partidos e campanhas. Só a compulsão de líderes partidários por dinheiro explica essa excrescência

Imagem ex-librisA volta das doações de empresas para partidos e campanhas eleitorais está no radar de líderes políticos de diferentes ideologias. É incrível como o assunto anima as rodas de conversa em Brasília com as eleições municipais ainda em curso em algumas cidades do País, inclusive na maior delas, São Paulo. Recorde-se que para o pleito deste ano foi aprovado um Fundo Eleitoral de R$ 4,96 bilhões em recursos públicos – fora os outros tantos bilhões em emendas do orçamento secreto, que, como revelou o Estadão, foi transformado numa espécie de fundo eleitoral paralelo. Mesmo assim, a velha forma de captar dinheiro para as legendas e enriquecer os seus próceres volta a ser discutida com espantosa naturalidade.

Em setembro de 2015, convém lembrar, o STF decidiu, por 8 votos a 3, que as doações de empresas para partidos e campanhas eleitorais não têm respaldo na Constituição. Em primeiro lugar, porque titulares de direitos políticos são as pessoas naturais – os cidadãos –, não as pessoas jurídicas. Ademais, porque, nas corretas palavras do ministro Luiz Fux, à época o autor do voto vencedor, “a doação por pessoas jurídicas a campanhas eleitorais, antes de refletir eventuais preferências políticas, denota um agir estratégico destes grandes doadores, no afã de estreitar suas relações com o poder público em pactos, muitas vezes, desprovidos de espírito republicano”.

Essa é uma das razões pelas quais, por princípio, o Estadão é contra a doação de empresas para partidos e campanhas eleitorais. Este jornal defende que a esfera pública seja preservada, tanto quanto possível, da interferência de interesses privados sobre as discussões políticas, que, por óbvio, têm de ser norteadas exclusivamente pelo melhor interesse público. Além disso, é incontornável resgatar a experiência. São inesquecíveis os prejuízos causados ao País, em múltiplas dimensões, pelo conluio entre partidos e algumas empresas privadas para lesar o erário. Aí está o escândalo do petrolão durante os governos lulopetistas como exemplo mais recente e notório dessa associação perniciosa. É esse defunto mal sepultado que agora querem exumar?

Os que defendem o retorno do capital empresarial privado às eleições argumentam que a criação do Fundo Eleitoral “não resolveu” o problema do chamado “caixa 2″, ou seja, da falsificação da contabilidade das campanhas, e criou outros, entre os quais se destaca a enorme insatisfação popular. De fato, destinar quase R$ 5 bilhões para financiar as atividades de entes privados, como os partidos, em um país eivado de desigualdades obscenas vai na contramão dos interesses da sociedade. Porém, a volta das doações de empresas privadas também não resolverá esses problemas e ainda dará uma nova chance aos antigos, entre os quais se destaca a facilitação da corrupção, do tráfico de influência e da lavagem de dinheiro.

Que ninguém se engane. O tema voltou ao debate público porque não há nem jamais haverá quantia que baste para saciar a voracidade dos caciques partidários por dinheiro, seja de origem pública ou privada. Os que querem a volta do financiamento empresarial, entre os quais se inclui o notório Valdemar Costa Neto, capo do PL, não estão nem remotamente interessados no aprimoramento da democracia representativa no Brasil. É do resgate de velhas formas de obtenção de recursos ao abrigo do escrutínio público que se está tratando. Basta dizer que o sr. Costa Neto, malgrado ser dono de um dos partidos mais bem aquinhoados com recursos dos Fundos Partidário e Eleitoral, teve a desfaçatez de choramingar, em entrevista ao jornal Valor, que o que recebeu em recursos públicos para esta eleição (R$ 900 milhões) “não deu nem para a saída”.

A posição do dono do PL, longe de ser uma voz isolada, é o retrato mais bem acabado da morte dos partidos como organizações representativas dos interesses e dos valores políticos de determinados grupos sociais, muito mais aferrados que estão a puxadores de votos que lhes garantam bancada, recursos e um arremedo de relevância.

Comentário nosso – Em qualquer democracia que se preze, quem sustenta os partidos políticos são os eleitores daquele partido, através de sua contribuições, como um time de futebol é sustentado pelos seus torcedores. O eleitor é que deveria sustentar os seus partidos, se no país houvesse partidos. O que existem são agremiações interessadas apenas em sugar o dinheiro dos nossos impostos, para o enriquecimento dos políticos. Como disse muito bem a manchete da matéria: “Eles querem sempre mais”. São ladrões insaciáveis. Política é meio de vida! É um indústria movida pelo capital fornecido pelos nossos impostos. (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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