(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 16/10//2024.
Uma notícia da semana passada mostrando o sucesso da Fazenda Tamanduá, situada em pleno semi-árido, mas produzindo para exportação, lembrou-me quanto é possível ressuscitar a agricultura sertaneja, cuja decadência se acentuou depois que a praga do bicudo acabou com a nossa cotonicultura, ou seja com a cultura do algodão. Daquilo que foi o período de ouro da agricultura sertaneja.
Alguns Estados fizeram tentativas de incentivarem outras culturas, obtendo algum sucesso, enquanto que outras tentativas falharam. Não temos conhecimento de nenhuma tentativa neste sentido feita na Paraíba. E a nossa agricultura ficou restrita à agricultura familiar para a produção de milho e feijão, além de uma pequena agricultura irrigada de feijão verde, batata e melancia, cuja produção muitas vezes não compensa pois todos produzem na mesma época o que termina aviltando os preços.
Outra alternativa é a produção de frutas e verduras que, por falta de cooperativas que vendam a produção para as cidades maiores, terminam tendo os preços rebaixados, pois na época da colheita o mercado local fica saturado.
Os governos teriam que incentivar a criação de cooperativas de produtores rurais que possibilitassem a compra dos insumos com preços menores e providenciassem a venda dos produtos em escala maior paras cidades maiores como João Pessoa e Campina Grande, o que garantiria melhores preços compensando a produção. Um caso exemplar é o limão que custa até cinquenta centavos nos supermercados, enquanto a caixa com mais de trezentos limões é vendido pelo produtores por misaráveis quarenta reais, aos compradores locais. Ficando cada limão por menos de quinze centavos.
Que o semi-árido é viável está provado com a existência e o sucesso de fazendas como a Tamanduá, que produz frutas para exportação, além de mel e espirulina para quem não faltam compradores locais ou através da exportação. A Fazenda Tamanduá fica em pleno semi-árido, no município paraibano de Santa Teresinha, e é um exemplo de sucesso, tanto na produção a nível de primero mundo, quanto como exportador da maior parte de sua produção.
Os pequenos produtores poderiam obter sucesso semelhante se se unissem em cooperativas, que ajudassem tanto na produção com a compra dos insumos em maior escala como com preços mais vantajosos, na comercialização, com facilidades nos transportes e na divulgação dos produtos. Nas várzeas de Sousa e na grande João Pessoa existem várias fazendas produzindo frutas até para exportação, à semelhança da nossa vizinha Fazenda Tamanduá.
O governo estadual, através da Empaer poderia incentivar, tanto a criação das cooperativas como orientar os cooperados sobre a produção de frutas e verduras, em grande escala, de acordo com o clima, o regime de chuvas e as terras disponíveis em cada região. Assim como deveria incentivar o plantio de outras culturas adequadas a cada região, para substituir o algodão (o nosso saudoso ouro branco), promovendo, através de orgãos governamentais como o Sebrae, a sua comercialização.
O campo paraibano, principalmente no Sertão e no Cariri está se tornando um deserto e a maioria de sua cidades se favelizando, para acolher os que emigraram da zona rural. Por isso é urgente que se volte a estimular a nossa agricultura, para reter a população rural nas suas origens, com condições de viver melhor do que nas médias e grandes cidades, favelizadas e dominadas pelo tráfico e a bandidagem.