A VERDADE QUE SE ESCONDE NAS URNAS

By | 17/10/2024 5:49 pm

(Misael Nóbrega de Sousa, jornalista e professor, em 17/10/2024)

As eleições municipais, a cada ciclo, revelam o teatro da democracia. A campanha é intensa, a disputa acirrada, e a esperança popular renasce com a promessa de mudança. Mas, quando as urnas são abertas, quantos foram eleitos sem ceder à prática corriqueira de compra de votos? Essa é uma das perguntas que mais incomodam e provocam reflexão.

A Câmara Municipal de Patos oferece 17 vagas, hoje ocupadas por aqueles que se dizem “eleitos pelo povo”. Mas qual é a verdade por trás dessas cadeiras? O poder econômico ainda dita o ritmo nas periferias, onde o cidadão, muitas vezes, se vê refém de necessidades básicas que se tornam moeda de troca para quem busca a reeleição ou sua estreia no cargo.

E sobre a moral dos que ocupam essas cadeiras? Quantos estão ali sem se envergonhar de suas práticas? Quantos reeleitos podem dizer que mereceram essa nova chance? Ou será que o mandato foi apenas mais uma extensão de suas alianças políticas, garantidas por benefícios e conchavos?

Os novatos trazem consigo novas expectativas. Mas quantos desses eleitos pela primeira vez realmente têm serviços prestados à sociedade? Quantos construíram sua trajetória com a comunidade, antes de aparecerem nas portas em tempos de eleição? A política não deveria ser lugar de experimentação, mas, na prática, muitos chegam sem um histórico de dedicação ao público.

Mais preocupante ainda é a questão da subordinação ao poder executivo. Quantos vereadores, eleitos para legislar e fiscalizar, são na verdade marionetes do prefeito? Quantos devem seus mandatos àquele que estendeu benefícios e verbas em troca de fidelidade cega? A Câmara deveria ser uma casa independente, mas quantos podem dizer, com firmeza, que não se ajoelharão diante dos caprichos do chefe do executivo?

Por fim, o questionamento que talvez seja o mais importante: quantos desses inclitos eleitos são verdadeiramente independentes? Quantos têm coragem de lutar contra o sistema, de se posicionar a favor do povo, mesmo quando isso significa ir contra os interesses daqueles que os elegeram por conveniência?

Essas perguntas ecoam nas ruas, nas conversas informais e nos debates políticos. Enquanto não forem respondidas, a dúvida continuará pairando sobre a legitimidade da Câmara Municipal. Afinal, o voto pode ser secreto, mas as práticas políticas, nem tanto. Até quando meu povo, até quando?

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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