Eleições municipais projetam a volta ao centro; bom para Tarcísio e Haddad (confira comentário nosso)

By | 20/10/2024 9:25 am

Há vida política para além do fisiologismo do Centrão, da boçalidade do bolsonarismo e do oportunismo petista

(Eliane Cantanhêde, no Estadão, em 19/10/2024)
Foto do author Eliane Cantanhêde
Eleições municipais não definem as presidenciais, mas revelam o ambiente político e projetam – ou minam – partidos, lideranças e candidaturas. Com o racha na “nova direita” bolsonarista e o envelhecimento da esquerda, particularmente do PT, emergem ao palco o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ambos fazendo movimentos ao centro. Tarcísio desliza para a centro-direita, e Haddad, até pelo cargo, para a centro-esquerda.

Dizem que “Deus escreve certo por linhas tortas”. A eleição municipal, de forma tortuosa, complexa, parece empurrar a política brasileira para seu velho eixo, nem tanto à direita, nem tanto à esquerda. Que centro é esse, ainda não está claro, até pelo asfixiamento do centro não apenas no Brasil, mas nas Américas, na Europa, pelo mundo afora. O momento é de radicalização, mas há sinais da volta ao prumo no Brasil.

Reunião do ministro Fernando Haddad com governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas
Reunião do ministro Fernando Haddad com governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas Foto: Diogo Zacarias / MINISTERIO DA ECONOMIA

Um Pablo Marçal não surge à toa, do nada, mas ele mostrou resultados antagônicos: a força de atração de uma parcela significativa da sociedade para o discurso e o gestual estúpidos, agressivos, absurdos, mas também a repulsa e a resistência da maioria. Como foi em São Paulo.

A busca do equilíbrio não é nada fácil. Tarcísio precisa, ao mesmo tempo, da marca Jair Bolsonaro e de se livrar da acidez bolsonarista. Haddad só tem chance se batizado de novo pelo presidente Lula, mas se desvencilhando dos erros, cicatrizes e falta de rumo e de estratégia do PT.

Nessa equação, os primeiros obstáculos a ultrapassar na corrida para 2026 estão dentro de casa. Os maiores inimigos de Tarcísio já põem as manguinhas de fora: Bolsonaro, os filhos, os aliados raiz. E os de Haddad são os que já puxam o tapete do ministro da Fazenda, imaginem do eventual candidato a presidente? Quais? Os petistas, inclusive, ou principalmente, os do comando do partido.
Para os bolsonaristas e parte do petismo, Tarcísio e Haddad têm, vejam só, o mesmo “defeito”: são “liberais demais”. A questão é que, apesar da explosão bolsonarista e do apelo das velhas ideias petistas para a economia, por exemplo, a maioria do eleitorado brasileiro ainda é exatamente assim: liberal, moderado ou… centrista.

Os tempos extraordinários de mensalão, petrolão e do strike da política e dos políticos tradicionais, que empurrou para o fundo do poço a polarização entre PSDB e PT e arranhou gravemente os próprios PSDB e PT, aparentemente estão passando. O grande problema, agora, é como distinguir centro de Centrão; direita de bolsonarismo e esquerda de PT. Há vida política para além do fisiologismo do Centrão, da boçalidade do bolsonarismo e do oportunismo petista.,

Comentário nosso – Para mim seriam os candidatos ideais, para evitar extremistas de direita ou de esquerda, da qualidade de um Marçal. Os dois mostram um mínimo de lucidez. Deixariam o eleitorado mais à vontade para escolher sem os riscos que o extremistas podem oferecer. Temos que pensar no bem do país, com governantes equilibrados, e não em alimentar vaidades pessoais de quem quer que seja ou alimentar oligarquias. (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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