Infiltração no poder público municipal, transformação do Tatuapé, investimento em igrejas, bitcoins e futebol, domínio nos presídios, diversificação das rotas da venda de cocaína e impulsionamento de crimes ambientais estão entre as situações que revelam essa escalada
O assassinato do delator do PCC na última sexta-feira, 8, em plena luz do dia, no Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, reflete a espiral de um problema crônico no País: o avanço do crime organizado, que pulveriza as áreas de atuação para lavar dinheiro e lucrar com o tráfico de drogas.
Ex-funcionário de uma das maiores construtoras da cidade, Antonio Vinicius Lopes Gritzbach fechou acordo de delação premiada em abril com o Ministério Público de SP e já tinha dado detalhes sobre o envolvimento do PCC no mercado imobiliário e no futebol.
Entretanto, outras operações do MP e das polícias já tinham revelado a presença do PCC no poder público municipal, a transformação do bairro do Tatuapé, na zona leste da capital paulista, em base de luxo dos chefes da facção, além do investimento em igrejas e bitcoins. Estudos ainda apontam a diversificação das rotas da venda de cocaína e a atuação de facções na gestão de garimpos ilegais no País.
Elas são as únicas com abrangência nacional, “o ápice das organizações criminosas”. Seus negócios afetam todos os países vizinhos, elas fornecem armas e drogas e seus membros precisam pagar contribuições mensais para fazer parte do grupo.
A atuação dos criminosos, que ocorre ao menos desde 2019, alterou radicalmente a vida no local, com os garimpeiros passando a andar armados com fuzis e a usar roupas pretas, conforme apontado pelo relatório “Yanomami Sob Ataque”.
O Instituto Combustível Legal (ICL) estima que há indícios de atuação do PCC junto a mais de 900 postos de combustíveis, por vezes usados pela facção também para lavar dinheiro obtido com o tráfico de drogas.