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(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 13/11/2024)
O Governo Federal, em boa hora, resolveu encarar de frente a extrema violência e insegurança que toma conta do país. Pela atual legislação, este combate é feito pelas polícias estaduais, civil e militar, e, só em casos específicos, pelas polícias federais, PF e PRF.
Como a maioria do Estados está perdendo a batalha de combate à bandidagem, o Governo Federal chamou a si, não a exclusividade do combate aos bandidos, mas a regulamentação de como este combate deve ser feito, de modo a haver uma metodologia comum, o que impedirá, inclusive, que se criem paraísos para os bandidos, por uma legislação mais branda no seu combate.
O que está causando estranheza é a resistência de alguns Estados a esta ingerência do Governo Federal no assunto. Pelo que se vê na imprensa, os politicos e os representantes das polícias são os mais resistentes a estas mudanças. Será que os políticos e os policiais têm medo dos bandidos e não querem que se mexa com eles? Ou existem outros interesses por trás da sua resistência?
A resistência por parte dos políticos contra o combate aos bandidos está mais ou menos explicada. Muitos deles são eleitos com votos carreados pelo trabalho da bandidagem, como se vê a cada eleição. Em Patos mesmo, vários vereadores têm sido eleitos com apoios de traficantes, quando não são eles próprios os candidatos. E na última eleição teria até sido eleito um vereador com apoio de uma facção. Se a Polícia Federal e a Justiça Eleitoral tivessem a curiosidade de investigar veriam que quando o povo fala “ou foi, ou é, ou está para ser!”.
E qual seria a razão para a resistência das políciais. Em grandes Estados já está comprovada a conivência de maus policiais com a bandidagem. Quase todo dia se vêm notícias neste sentido. E de onde vem a maioria dos bandidos pertencentes às milícias, muitos deles expulsos da forças políciais?
Outro fato que causa estranheza é a maneira com que se dá o combate às “bocas-de-fumo” pelas polícias de modo geral, pelo menos cá entre nós. Por que todo mundo sabe, em cada rua ou bairro, onde estão as “bocas-de-fumo” do “pedaço”, e só a polícia não sabe? Nas favelas dominadas por eles, até se justifica, mas e em ruas comuns? Outro coisa, por que nunca se dá notícia da prisão de um grande traficante, mas apenas dos “pés-de-chinelo”. Há pouco tempo acharam um grande roçado de maconha num município da região, mas não se dá notícia de quem era responsável pela plantação. Há quem diga que plantadores e traficantes pagam pela segurança que recebem.
Há alguns dias o Governo do Estado divuilgou o aumento das gratificações pagas pela apreensão de armas, o que dá manchete na imprensa todo dia. Por que não se paga também uma gratificação pelo estouro de uma “boca-de-fumo”? Será que o prejuízo não seria só para os bandidos?
É muito extranha esta resistência de políticos e policiais ao combate à bandidagem, será que um dia a gente vai saber por que?