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(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 27/11//2024.
Muita gente me pergunta por que gosto de ouvir cantador de viola. Primeiramente por que é uma das maiores formas de expressão da cultura nordestina. Segundo por que praticamente aprendi a ler com os poetas populares. E aí tenho que voltar ao início da minha história.
Criança ainda, passava as férias na casa de meu avô materno, Pedro Paca, no sítio Logradouro, vizinho à Serrota de Euclides Guedes, Mas de vez em quando ia passar uns dias na casa de minha tia Maria, casada com Doca Canuto, que residiam na Trincheira. Lá, na gavetas da mesa de jantar descobri um tesouro: Inúmeros folhetos de cordel. Foram eles o meu primeiro contato com leitura e com a literatura brasileira.Os versos do Pavão Misterioso me apeixonaram pela leitura. E aí os primos e primas me pediam para ler os folhetos. E quando ficava para passar a noite, a familia toda me rodeava para ouvir os cordéis. E iamos dormir mais tarde por que todos queriam ouvir as histórias preferidas.
Na juventude, fui trabalhar na Espinharas e os primeiros programas na abertura da emissora eram Bom Dia Nordeste, um programa de músicas nordestinas e Violas e Repentes, com os violeiros Antônio Américo, dono do programa, e Manoel Francisco. Como naquele tempo, no sertão, da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte só existia a Rádio Espinharas, todo cantador que passava por Patos, fazia uma visita a emissora para cumprimentar os colegas e participar do programa. Nesta época tive a oportunidade de conhecer alguns dos melhores repentistas do Nordeste como a irmãos Batista (Dimas, Lourival e Otacílio) e Pinto do Monteiro, além dos poetas da regiáo como João Severo e Odilon Nunes de Sá.
Mais adiante esta minha afinidade com os repentistas me tornou apresentador de quantos festivais de cantadores de violas se fez em Patos. Os poetas titulares da Espinharas iam coordenando os festivais e me convidavam para apresentá-los. Participamos de festivais coordenadospel por Severino Ferreira, pela dupla Sebastião da Silva e Moacir Laurentino e os Nonatos.do
Durante a administração Dinaldo Wanderley, apresentamos todos os oito festivais promovidos em praça pública pela própria administração municipal.por sugestão do saudoso companheiro Edleuson Franco. Exemplo que não foi seguido pelos administradores posteriores.
A estas alturas, o poeta Jomaci Dantas, o Lola, já começara a fazer festivais para os quais começou a me convidar como apresentador. Lola vem fazendo festivaisdesde 1986 e eu os apresentei praticamente todos. Por dever de justiça temos que reconhecer que não fosse ele não teríamos mantido a tradição do festival anual, com raríssimas falhas, como no período da COVID.
No decorrer dos inúmeros festivais de cuja apresentação participei, conheci praticamente todos os cantadores do Nordeste, dos mais experientes até os novatos de hoje.
Eu tenho divulgado, sempre que possível, os festivais e cantorias da região, além de divulgar constantemente, na Revista da Semana, as gravações de todos os artistas da região. No último domingo tive como ouvinte, o meu querido amigo e grande poeta Severino Feitosa, que começou no rádio aqui na nossa emissora, e um melhores cantadores atuais que passava o domingo com seu cunhado Flávio, aqui em Patos.
A nossa música nordestina está sendo descaracterizada, mas os nossos cantadores continuam sendo autênticos, por isso gosto tanto deles.