O resultado da “mancada” de Cássio(*)

By | 31/10/2014 8:15 am

         Entre os interessados na candidatura de Cássio, citados no artigo anterior e que estimularam a candidatura do senador do PSDB, esquecemos de citar o empresário Deca do Atacadão, o primeiro suplente que assumiria quatro anos de mandato de senador se Cássio fosse eleito. Deca teria sido, segundo se comenta, um dos incentivadores  e financiadores da campanha.

O resultado da “mancada” está aí à vista. A eleição deste ano ressuscitou o PMDB que estava em “estado de coma” e hoje, depois da importante contribuição que deu para a vitória de Ricardo, está com a corda toda. Afinal, o PMDB provocou a realização do segundo turno e ao aderir a Ricardo levou para ele a maioria dos votos de peemedebistas que votaram em Vitalzinho no primeiro turno, como ficou provado no aumento de quase três mil votos na vitória do governador na cidade de Patos, apesar de todo empenho dos partidários de Cássio para, pelo menos, diminuir a diferença. Importante liderança do PSDB local me confidenciou na sexta-feira anterior às eleições que a meta era reduzir a diferença para seis mil votos. A diferença fez foi aumentar.

A nível estadual a votação de Cássio aumentou apenas quatro mil votos do primeiro para o segundo turno, enquanto a de Ricardo aumentou em cento e quarenta e um mil votos, dos quais uns cem mil teriam vindo do PMDB.

Hoje o PMDB está com a corda toda. Elegeu Maranhão senador, três deputados federais e pelo menos três deputados estaduais, já que a eleição de Trócoli Júnior pode ser revertida se o TSE validar os votos de Raoni, além de deputados que giram na órbita do partido e que juntos poderão reforçar a bancada de Ricardo, cuja maioria havia perdido nos últimos meses. Por outro lado, Veridiano pode ter o caminho livre para disputar a prefeitura de Campina Grande daqui a dois anos com o apoio de Ricardo. Enquanto isso, Ricardo cuja máquina partidária é pobre de quadros, pode ser obrigado a utilizar os quadros peemedebistas, sufocando os adversários do partido em todo o Estado.

Outro partido enormemente beneficiado será o PT. Foi importante na vitória de Ricardo no primeiro turno, reforçou no segundo turno com alguns divergentes, como Frei Anastácio, e certamente terá muitos dos seus quadros partidários aproveitados por Ricardo em seu segundo governo. Além do mais, o PT poderá ter um candidato altamente competitivo à disposição de Ricardo nas eleições de 2018, se Luciano conseguir sair-se bem na administração da capital. Luciano pode ser o contraponto em 2018 a possíveis pretensões peemedebistas ao governo do Estado.

A derrota de Cássio, por outro lado, colocou em dificuldade fiéis partidários seus como Zenóbio Toscano e Dinaldo Wanderley, cuja presença ao lado de Ricardo, se Cássio não tivesse sido candidato impediria a adesão dos Paulinos e dos Mottas ao governador neste segundo turno. Chica Motta está com a bola toda. Mesmo que Ricardo não ajude a ela ou a um pretenso substituto seu em 2016, dificilmente ajudará a Dinaldo, deixando este em situação visivelmente inferior. E Francisca, mesmo que não queira disputar a reeleição, tem três fortes herdeiros e possíveis candidatos: Hugo, Nabor e Ilana.

Os órfãos de Cássio ficaram fora do primeiro governo de Ricardo apenas um ano, mas com a derrota do senador, estão destinados a ficar órfãos do governo estadual agora por quatro anos. Não só ficaram órfãos como foram hostilizados, que o digam Dinaldo e Dinaldinho. Com relação ao governo municipal, apesar da resistência de Dinaldo e do carisma de Dinaldinho, se a parceria entre os Mottas e Ricardo for produtiva pode inviabilizar o retorno do grupo de Dinaldo pelas próximas eleições. Afinal Nabor pode suceder a Francisca e Ilana pode suceder a Nabor já que não são mais parentes. Só a sucessão de Francisca por Hugo é que quebraria o ciclo do grupo em eleições futuras para o governo do município.

O grupo de Dinaldo Wanderley tem que investir pesado no mandato de Dinaldinho na Assembleia Legislativa. Cercá-lo de bons assessores no gabinete e criar uma assessoria de imprensa e de política que faça um trabalho bem feito de oposição nos níveis municipal e estadual e de divulgação do mandato de Dinaldinho na Assembleia Legislativa.  Se não tiver sucesso nisso, terá dificuldades nas próximas eleições, apesar da folha de serviços do pai e do carisma do filho. Os dois têm uma boa base política em Patos, como demonstraram numa eleição disputada, a nível local, contra tudo e contra todos, mas que pode ser insuficiente se enfrentarem governo municipal e estadual juntos, numa eleição majoritária. Existem outros caminhos para os “amarelos” locais, mas que, até onde os conhecemos, repugnam ao seu grau de fidelidade partidária e pessoal.

A “mancada” de Cássio, a nosso ver atrofiou o PSDB, apesar de Campina Grande, e deu novas forças a um PMDB, cujo candidato a governador conseguiu apenas cinco por cento dos votos no Estado. Além de garantir a hegemonia do PSB e de seu atual satélite o PT estadual, que ganha novo alento com a reeleição de Dilma. (LGLM)

Comentário

Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *