Inflação, ajuste e PIB fraco devem afetar mercado de trabalho em 2015

By | 03/01/2015 7:35 pm

(Folha da quinta)

De um lado, um cenário de inflação em alta, crescimento fraco e dificuldade de caixa. De outro, a expectativa de um ajuste fiscal “firme”, com corte de gasto e menos dinheiro para investir –no setor privado ou no público.

Resultado: um mercado de trabalho mais enfraquecido em 2015, com elevação do desemprego, queda na renda e reestruturação nas empresas com ajustes mais intensos na produção e mais demissões.

A avaliação é de economistas e representantes de entidades da indústria, do comércio e do setor de serviços consultados pela Folha.

Para os mais otimistas, a taxa de desemprego deve subir para 5,2% neste ano. Na previsão dos mais pessimistas, chegará a 6%.

Os dados mais atualizados do IBGE para 2014, até novembro, mostram que o desemprego para seis regiões metropolitanas é de 4,8%.

Desde janeiro, o saldo de novos empregos (trabalhadores admitidos menos demitidos) foi de 938 mil –e deve fechar o ano em 700 mil, segundo a previsão do governo. Metade do que o Brasil criava há poucos anos.

A deterioração no mercado formal de trabalho fica mais evidente ao observar os dados de novembro, quando foram criadas 8.400 vagas com carteira assinada –queda de 82% ante novembro de 2013, quando se registrou a geração de 47,5 mil vagas.

“Como os salários estão evoluindo em um ritmo mais fraco e sofrem o impacto da inflação mais alta, a tendência é que mais pessoas voltem a procurar emprego para elevar a renda familiar”, diz Rafael Bacciotti, economista da consultoria Tendências.

“Como a geração de vagas é baixa e” insuficiente para absorver toda a força de trabalho, a taxa de desemprego sofre” essa” pressão. Não vimos esse movimento em 2014, mas devemos ver em 2015.”

IMPACTO NO BOLSO

Se o desemprego sobe, o efeito é imediato no bolso do trabalhador.

“O poder de barganha nas negociações salariais fica reduzido em um cenário mais adverso para o emprego. Com isso, a renda deve crescer menos”, diz o economista Fábio Romão, da LCA.

Na previsão da consultoria, o rendimento médio real do trabalhador deve crescer 1,5% em 2015, patamar mais baixo desde 2005. Em 2014, a alta deve ter sido de 2,7%.

AJUSTE PESADO

A indústria deve ainda perder força no emprego, mas o ajuste mais “pesado” já ocorreu, avaliam os economistas.

Com férias coletivas, licença remunerada, cortes e programas de demissão voluntária, a indústria automobilística é uma das que mais se reestruturaram em 2014.

Em 2015, o setor industrial deve continuar encolhendo –o corte deve chegar a 65 mil vagas, na projeção da LCA. O número corresponde a um terço do previsto para 2014, quando o setor deve fechar 188 mil empregos formais.

“Para ter a dimensão do que isso significa, em 2013, a indústria fechou o ano com criação de 91 mil vagas”, ressalta Romão.

O comércio e o setor de serviços devem sentir mais, nos próximos meses, os efeitos do enfraquecimento da economia –uma vez que o consumo das famílias deve continuar em queda.

Fábio Pina, economista da Fecomercio-SP, projeta desaceleração brusca na abertura de vagas no comércio.

“No máximo, 50 mil vagas em 2015, o que corresponde a um terço dos empregos gerados no setor em 2013.”

Não à toa as centrais sindicais querem implementar com o governo um programa de proteção do emprego.

A principal medida é a redução da jornada de trabalho em até 30%, com diminuição de salários, nas empresas afetadas pela crise econômica.

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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