Direitos humanos para os humanos direitos

By | 07/02/2015 8:47 pm

(José Augusto Longo, no Patos Online)

O Brasil quase desaba quando um marginal traficante foi executado num País sério, onde leis sérias são cumpridas à risca, sem aquele famoso “jeitinho” inventado pelos herdeiros de Pedro Alvares Cabral. A presidente da República mandou vir imediatamente ao Brasil o seu Embaixador na Indonésia, criando uma lacuna diplomática que poderá, caso o outro traficante brasileiro mantido preso e condenado, pelos mesmos motivos, venha a ser também abatido nos próximos meses, se transformar em indesejável crise entre os dois países.

Antes de mais nada devo esclarecer que sou frontalmente contra a pena de morte, no entanto, cada País tem suas próprias leis e como tal, em nome da soberania que todos reclamam, inclusive nós daqui, tais leis devam ser respeitadas por estrangeiros, sobretudo por aqueles que vivem do tráfico internacional de drogas e que são doutores nesse assunto e, quando o transgredem, o fazem conscientemente.

E, mesmo não sendo a favor da pena capital e, com a mesma veemência, sou frontalmente contra a hipocrisia daqueles que, em nome dos tais direitos humanos, agem em defesa de bandidos que, ao arrepio da Lei, estabelecem seus próprios códigos, e declaram morte a todos aqueles que com eles concorrem ou que, depois de criminosamente viciados por eles próprios, não encontram meios de pagar pelo consumo.

Para se ter uma ideia do que fazem esses tais bandidos, cujo representante mais ilustre foi executado na Indonésia,  causando a revoltada da própria presidente Dilma e de parte da imprensa comprometida com o narcotráfico, lá na Indonésia, que tem mais de duzentos e cinquenta milhões de habitantes, em 2014, foram assassinados por volta de quinze mil pessoas; no Iraque, em guerra permanente, o número de mortes não chegou a esse patamar, enquanto que no Brasil, em igual período, foram assassinados mais de sessenta mil, dentre estes mais de quarenta por cento de jovens até 30 anos.

Todos estes jovens, além de muitos outros, foram vítimas dos colegas do traficante morto na Indonésia, e não presenciamos nenhum movimento digno de nota, por parte desses que se dizem arautos defensores da vida. No Rio de Janeiro, São  Paulo e em outras capitais, diariamente morrem inocentes vítimas de balas perdidas, proveniente da guerra entre os próprios traficantes, bem como da polícia que com estes entra em confronto. Diariamente morrem militares em serviços e outros, apenas, por estarem vestindo a farda, e não há nenhuma grita em defesa deles, que, apenas, cumprem o dever de salvar a sociedade da ação repugnante desses bandidos.

No mesmo dia em que o traficante era executado por ter entrada na Indonésia com drogas, contrariando as leis locais, mesmo sabendo plenamente do risco que corria, uma menina de apenas nove anos era abatida por uma bala perdida, quando estava em companhia do pai, numa rua do Rio, resultado de briga entre quadrilhas de traficantes.  E aqui vai a pergunta: será que a presidente Dilma mandou pelo menos um recado de condolências para os pais da criança? E, quantos representantes dos tais Direitos Humanos compareceram, pelo menos ao seu enterro? Não mandaram recados e muito menos foram ao sepultamento. Para estes, defensores intransigentes dos direitos humanos e da soberania nacional, mais vale a vida de um traficante calejado na arte de arruinar famílias e de patrocinar assassinatos em série de jovens, do que a de uma garotinha de nove anos, inocente e cheia de fantasias, quem sabe, talvez, até depositária de um futuro promissor.

Os traficantes internacionais sabem do risco que correm, repito. Se sabem, então que arquem as responsabilidades dos seus atos. Ao invés de ficarem os nossos governantes rompendo relações com países sérios que tem leis sérias e as fazem cumprir, que apenas lamentem  a infelicidade que também deve ter se abatido sobre os familiares do executado e cuidem de tomar conta do seu território, este sim, mantido sob um regime de terror  implantado por traficantes que fazem, eles próprios,  suas regras de convivência e que, com seu próprio código elaboram as listas onde constam os nomes daqueles que devem ser executados sumariamente e sem julgamento, com ordens muitas vezes emanadas de dentro dos próprios presídios, às vistas e ao conhecimento das autoridades que têm a obrigação e o dever de coibir terminantemente tais atos ilícitos e prejudiciais às famílias de dependentes e à sociedade como um todo.

O Brasil, já conhecido mundialmente como o País da corrupção, precisa acordar para a sua própria realidade. Os nossos homens públicos, em sua grande maioria, precisam tomar vergonha na cara e olhar para o próprio rabo, deixando que os outros países que são sérios cumpram as leis por eles estabelecidas e que são executadas à risca. O que o Brasil precisa é acabar com a hipocrisia de querer tapar o sol com a peneira, querendo se mostrar independente diante dos outros, enquanto por aqui, tudo é jogado pra debaixo do imenso tapete construído em Brasília.

Será que a nossa ínclita presidente não sabe que por aqui já existe pena de morte? Será que as estatísticas que apontam mais de sessenta mil assassinatos somente no ano passado, determinados pelos chefes do tráfico, não lhes chegaram às mãos? Será que sua Ministra dos Direitos Humanos nem sequer cochichou com ela acerca do assunto?  Ora, vão catar coquinhos! Criem tenência, mandem pra cadeia não somente os traficantes, mas, também, os bandidos de gravatas que gravitam em torno do Palácio do Planalto e cujos nomes todo o Brasil conhece e que vocês procuram desculpas para inocenta-los.

Que não seja a pena de morte, mas, é preciso urgentemente que as leis sejam endurecidas para que as famílias brasileiras livrem-se desse mal que as atinge, que vicia e que mata, sobretudo os nossos jovens, alvos principais dos traficantes. O grande problema é saber quem as vai endurecer. Na verdade parece que os nossos imaculados parlamentares têm medo de endurecer leis que os possa pegar no futuro.

Enquanto isso, pelo menos, que os que se intitulam arautos na luta pela vida e pelos direitos individuais dos cidadãos, usem-nos em benefícios dos humanos direitos. É o mínimo que merecemos.

(josaugusto09@gmail.com)

Comentário do programaZé Augusto Longo estava me fazendp uma falta danada com os seus abalizados comentários, até que descobri, através de sua filha Morgana, que ele estava de férias na capital. Ainda bem que suas férias não foram iguais às dos nossos vereadores, de mais dois meses. Aliás, Zé Augusto me tirou uma das maiores preocupações de futuro aposentado. Eu pensava que não teria mais direito a férias. (LGLM)

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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